Crônica

Uma historinha de carnaval Foto / Luis War

Uma historinha de carnaval

O casal passou o sábado de carnaval em casa, vendo TV. No domingo de manhã, o rapaz acordou cedo e resolveu fazer uma surpresa para a mulherzinha. Saiu de casa para comprar um café da manhã especial para os dois. Deixou um bilhete, dizendo que voltava logo. O que ele não sabia era que, exatamente naquele instante, um bloco passava bem em frente do seu prédio. O rapaz resolveu se arriscar assim mesmo.

Tresvarios da folia

Tresvarios da folia

Vesprando o carnaval, a viúva Cinira de Bilora já se impactava com uns dilurimentos nos bofes, por conta da algazarra que os foliões faziam em sua pacata Miraflor, som alto perturbando o sono, imoralidades diversas nos escaninhos das ruas e praças e as nojeiras de mijo, bosta e vômito que deixavam para o deleite de mosquitos e moscas, o sofrimento do olfato e a proliferação de macacoas e murrinhas.

Todo carnaval eu me lasco

Todo carnaval eu me lasco

Estou promovendo a minha autobiografia não autorizada. Espero que vocês aprovem, já que eu não. Prova disso é que a hipérbole se constitui uma figura de linguagem inerente aos apaixonados. Boas doses de exagero e de melodrama não farão mal algum. Todo carnaval eu me lasco. Desde criancinha que eu me lasco. Dentro da barriga da minha mãe, eu já me lascava com aquele tremendo pressentimento de que nasceria num período bombástico da história, em pleno regime militar, ao som do Hino da Bandeira ou de alguma marchinha carnavalesca misógina. Nunca eu queria ter vindo ao mundo na pele de uma mulher.

O et do OVNI

O et do OVNI

De repente os americanos deram de abater OVNIs, objetos voadores não identificados, que hoje em dia é muito mais uma sigla para objetos voadores chineses do que discos voadores. Que pena! Mas dizem que um dos objetos que foi abatido era tripulado e caiu no meio de um deserto. E o tripulante se salvou da queda sabe-se lá como. Era um chinês.

Apesar de soterrado, o amor sobrevive sob os escombros

Apesar de soterrado, o amor sobrevive sob os escombros

Tem uma obra de construção civil ao lado do prédio em que trabalho. Estão levantando um novo empreendimento. “Aproveitem. Restam poucas unidades” é o que dizem, em letras garrafais, a fim de melhorar as vendas que não estão lá essas coisas. Há uma grave crise econômica aporrinhando o país. Eu gosto de dar um tempo, de tomar cafezinho pela manhã, de ligar o cérebro aos poucos que nem televisão-de-tubo antiga, de espiar pela janela o movimento dos operários que zanzam lá embaixo