Perfil biográfico

Alexandre Frota, a falência do Forrest Gump brasileiro que era, deixou de ser, foi de novo e hoje quem sabe? Michel Jesus/ Agência Câmara

Alexandre Frota, a falência do Forrest Gump brasileiro que era, deixou de ser, foi de novo e hoje quem sabe?

David Bowie, Michael Jackson, Christian Bale, James Bond e dr. Lao são conhecidos como verdadeiros camaleões humanos. Cada um deles metamorfoseou-se inúmeras vezes em nome da arte. Essas mudanças, geralmente, faziam parte de atuações performáticas, muitas vezes radicais ou mesmo fatais. Michael Jackson, por exemplo, chegou a se transformar em outra pessoa, muito mais feia e menos talentosa. Nessa pequena coleção de exemplos, a vida imitou a arte. Porém, com Alexandre Frota — sim, Ele mesmo — o buraco é bem mais embaixo.

Euclides da Cunha atira e morre. Anos depois, o filho tenta vingar a morte do pai e, também, é morto

Euclides da Cunha atira e morre. Anos depois, o filho tenta vingar a morte do pai e, também, é morto

Euclides era rei, Dilermando, pequenino peão. No tumulto do drama tecido pela fatalidade, o rei enlouqueceu e forçou o peão a matá-lo. Um regicídio! A sociedade sofreu o mais profundo dos abalos porque Euclides não era apenas por direito de nascimento, coisa medíocre: era um grande rei por merecimento, coisa grande. E todas as fulminações choveram sobre a cabeça do peão que teve de matar o rei. E a vida desse peão passou a ser um inenarrável martírio.

Luiz Gama, a história do poeta e advogado que foi escravizado pelo pai e virou patrono da abolição

Luiz Gama, a história do poeta e advogado que foi escravizado pelo pai e virou patrono da abolição

Luiz Gama foi um gauche. Ocupou espaços, superou a opressão sistemática, batalhou em meio ao improvável e exerceu sua primaz militância para a integração dos negros aprisionados em tempos de escravidão. Fora o baluarte da incipiente revolução ante a cristalizada dinâmica reacionária dos processos paulatinos abolicionistas. Em tempos de usurpação de biografias, é imperioso pontuar que isso nada tem a ver com meritocracia; ao contrário, é a exceção consciente em estado bruto do pioneirismo antideterminista, apesar dos muitos pesares.

33 anos sem o maluco beleza Divulgação / CBS

33 anos sem o maluco beleza

Tal como a fênix baiana que era, agora aos trancos e barrancos, lutando por uma vida que ainda era sua, mas que lhe escorria por entre os dedos, alquebrado que estava devido à perda de 70% do pâncreas para a bebida — condição que se agravava por causa do novo vicio, em éter —, nos últimos anos Raul passou a se apresentar com o conterrâneo Marcelo Nova que, como ele no princípio de sua trajetória musical, só era conhecido na Bahia, no underground do underground, graças a uma banda maldita, cujo nome nem podia ser pronunciado na conjuntura de bruxas que teimavam em não virar cinzas depois do inferno do regime.

Tarkovski, o gênio que congelou o tempo

Tarkovski, o gênio que congelou o tempo

O cineasta russo Andrei Tarkovski foi um gênio. Fato. Tarkovski é um dos dez maiores cineastas de todos os tempos. Fato. Tarkovski criou um estilo artístico único e inimitável. Fato. Tarkovski é um dos artistas mais imitados do mundo. Fato. A maior parte de seus imitadores são artistas amadores ou em começo de carreira que pensam que são gênios. Fato. Outro tanto de seus imitadores são diretores talentosos e bem-sucedidos que, já tendo alcançado o reconhecimento profissional, decidem que querem ser gênios.