Sucesso absoluto, filme mais caro da história da Netflix foi assistido por mais de 250 milhões de pessoas Frank Masi/Netflix

Sucesso absoluto, filme mais caro da história da Netflix foi assistido por mais de 250 milhões de pessoas

A produção “Alerta Vermelho” serve como prova cabal de que simplesmente investir em algoritmos de pesquisa, despejar quantias vultosas de dinheiro, e contratar uma equipe de talentos não garantem a criação de um clássico instantâneo. O filme, dirigido e roteirizado por Rawson Marshall Thurber, recebeu uma quantia considerável da Netflix, cerca de US$ 200 milhões, para contar a história de uma perseguição entre ladrões de antiguidades valiosas. Contudo, essa fórmula, por mais familiar que seja, não assegura o sucesso.

A trama gira em torno de dois ladrões, um deles interpretado por Dwayne Johnson, conhecido por seus papéis de ação, que se vê envolvido em uma situação desfavorável após um evento inesperado. Ryan Reynolds assume o papel do hábil ladrão de arte, enquanto Gal Gadot encarna sua rival, uma figura misteriosa conhecida como “O Bispo”. A interação entre os personagens principais é marcada por reviravoltas e confrontos, porém, o filme parece concentrar-se excessivamente nesses protagonistas, desperdiçando o potencial de outros talentos presentes no elenco, como Ritu Arya, que interpreta uma investigadora do FBI de forma marcante e enxuta.

Embora “Alerta Vermelho” tente emular o estilo de filmes de espionagem como os da franquia “007” e o charme de “Onze Homens e Um Segredo”, além de fazer referências a clássicos do cinema noir como “De Olhos Bem Fechados”, o resultado final é uma coleção de clichês sem inovação significativa. Ryan Reynolds, conhecido por seu humor peculiar, repete piadas que só ele parece achar graça, enquanto a suposta química entre os protagonistas não se concretiza plenamente, deixando a sensação de que o potencial do elenco não foi plenamente explorado.

A decisão da Netflix em investir em “Alerta Vermelho” levanta questionamentos sobre as prioridades da indústria cinematográfica em determinados momentos. Talvez uma reflexão contida em uma cena autorreferencial do próprio filme, por mais insignificante que pareça, seja emblemática da dinâmica por vezes mesquinha que permeia a produção cinematográfica.

A narrativa de “Alerta Vermelho” se desenrola em meio a uma série de referências e momentos clichês que, embora tentem capturar o espírito dos clássicos do gênero, acabam por se perder em uma trama previsível. A presença marcante de Dwayne Johnson, Ryan Reynolds e Gal Gadot não é suficiente para compensar as falhas de um roteiro que parece depender excessivamente de seus protagonistas.

O filme, em sua tentativa de homenagear obras icônicas do cinema de ação e espionagem, acaba por se tornar uma colagem de elementos já vistos, sem adicionar nada de novo ao gênero. A suposta química entre os astros principais não se concretiza completamente, deixando uma sensação de desperdício de talento.

Ainda que “Alerta Vermelho” tenha momentos de ação e tensão, a falta de originalidade e a dependência de clichês prejudicam sua capacidade de se destacar entre as produções do gênero. Talvez seja hora de a indústria cinematográfica repensar suas prioridades e buscar inovação em vez de se apoiar em fórmulas gastas.

“Alerta Vermelho”, na Netflix, serve como um lembrete de que o sucesso de um filme vai além do investimento financeiro e do elenco estelar. É necessário um roteiro sólido e uma abordagem criativa para verdadeiramente cativar o público e deixar uma marca duradoura no cenário cinematográfico.


Filme: Alerta Vermelho
Direção: Rawson Marshall Thurber
Ano: 2021
Gênero: Ação/Comédia/Policial
Nota: 7/10