Crônica

Ânus glicosado

Ânus glicosado

Vivia os derradeiros estertores de uma existência calcada pelo trabalho árduo, duro, mal remunerado e pela insignificância absoluta. Em menos de cinquenta anos, eu sequer seria lembrado. Pior que isso: não seria nem mesmo um retrato na parede, conforme descreveu o poeta Carlos Drummond. Naquela altura da vida eu já tinha aprendido que a comparação era a chave da infelicidade.

Ih, a bateria acabou!

Ih, a bateria acabou!

O celular é praticamente uma extensão do corpo humano nos dias de hoje. Poucas pessoas desligam o aparelho, mesmo nas situações mais inusitadas, como no cinema ou no avião. Mas, quando a bateria acaba, a convivência entre usuários e seus dispositivos é posta à prova. Esse pequeno incidente moderno gera uma cadeia de reações: pais preocupados, adolescentes em crise e casais à beira de um conflito conjugal. Curiosamente, até a ciência tem algo a dizer sobre isso.

Em tese, estamos perdidos

Em tese, estamos perdidos

Saudações, estranhos. Por um descaso do destino, estando o dito pelo maldito, vim parar nesse impensável conclave de poetas, andarilhos e outros seres desencantados. Estamos juntos e misturados. Em tese, absolutamente perdidos. Há um consenso, contudo, de que viver nada mais é do que calcular os próximos passos; tropeçar pelo caminho. Em dado momento — eu não nego — caio em contradição pela terceira vez e pressinto o dedo de Cristo testando as chagas das minhas dúvidas.

O brasileiro e as piadas de quinta série

O brasileiro e as piadas de quinta série

O brasileiro tem uma relação especial com as piadas de quinta série. Aqueles trocadilhos simples e, muitas vezes, de cunho duvidoso, parecem atravessar gerações e se reinventar nos momentos mais improváveis. Em qualquer contexto, seja no trabalho, nas festas de família ou em conversas casuais, elas surgem e arrancam risadas. Esse tipo de humor, tão característico, revela algo curioso sobre nossa cultura: a capacidade de rir da própria simplicidade. Talvez seja isso que torna essas piadas um fenômeno tão único no Brasil.

A vida é doce feito um caramelo

A vida é doce feito um caramelo

O pai concordou que exterminar com chumbinho era mesmo uma atrocidade. No frigir dos ovos, ainda teriam que lidar com o bicho morto, dar sumiço na carcaça antes que os filhos demandassem enterrá-la no fundo do quintal, perto das bananeiras, no cemitério dos passarinhos. Por fim, decidiu embarcar o dogue na Kombi e soltá-lo na periferia da cidade. O que os olhos não viam o coração não sentia.