Crônica

A gente vira pedra depois que morre

A gente vira pedra depois que morre

Diz-se que o coração é o órgão vital responsável pelos sentimentos. Ora, um coração não sente bulhufas. Ele bombeia, cadente, escravizado pela esperança, vinte e quatro horas por dia, todo santo dia, como um soldado numa guerra já perdida, tomado por diligência e fé, até mesmo, um certo grau de desespero, frente àquelas situações irreversíveis, como a falência múltipla dos órgãos, quando nada mais dá certo, quando nada mais funciona a contento, quando nada resta a fazer senão parar de bater dentro de um corpo inexoravelmente falido.

Só pode ser brincadeira, sr. Feynman!

Só pode ser brincadeira, sr. Feynman!

Pensemos na terra, antes da existência humana. Quem apreciava a beleza dos jardins, dos mares, das cachoeiras? A quem encantavam? Quem inventou o prazer intelectual de pensar sobre tais coisas? São mistérios que desafiam a imaginação dos pobres mortais. E, até mesmo, dos poetas, dos filósofos e dos cientistas.

Velha demais para dar ouvidos aos idiotas

Velha demais para dar ouvidos aos idiotas

Não estou gostando nada nada nada dessa história de mamãe voltar a fazer aulas de dança do ventre. Eu sei que isso não é da minha conta, que não posso mandar na vida dela como ela já mandou na minha, um dia, quando fui criança. Se quiser dançar, dance, mamãe. Mas, por favor, se não for pedir muito, ao menos tape o ventre com alguma peça avulsa do seu vestuário de bailarina porque, senão, quem vai dançar sou eu.

Eu podia estar roubando, mas, estou apenas escrevendo poesia

Eu podia estar roubando, mas, estou apenas escrevendo poesia

Mastigo tão poucas vezes. Engulo os alimentos tão precipitadamente. Na autoridade dos seus 85 anos, mamãe, que anda devagar porque já andou depressa, pergunta que pressa é essa, meu filho. Ela adora ouvir Almir Sater. Amo a sua frágil meiguice. Tem Rivotril de sobra no colo dela, dentre outras redundâncias de bem-querer. Nunca me disse com a boca, filho eu te amo. Nem precisava. Calado, leio o que os vincos da sua pele apergaminhada têm a dizer.

E o Oscar vai para… Paul Smith / Featureflash

E o Oscar vai para…

O Oscar está chegando e as apostas já estão rolando. Que filme vai ganhar? Quem vai ser o melhor ator? Será que essa cerimônia vai ser ainda mais chata que as anteriores? Quem vai dar um tapa na cara de quem? Quem vai vestir a roupa mais esquisita? A cerimônia do Oscar não tem a menor cerimônia de durar mais de três horas. Começa com o tapete vermelho, que é aquela hora de comentar os vestidos das atrizes jovens e as plásticas das “experientes”.