Crônica

Dicas de leitura

Dicas de leitura

Você deve ler no quarto aqueles livros que você não pode ler na sala, na frente de qualquer pessoa. Por exemplo: Tem certos livros que é melhor ler afastado das crianças com suas perguntas constrangedoras. Outros que é melhor ler longe do cunhado bolsonarista, que vai te perguntar que livro comunista é esse que você está lendo e vai arranjar algum argumento para começar uma discussão interminável sobre globolixo ou urnas fraudadas.

Os homens que não amavam os Yanomami

Os homens que não amavam os Yanomami

Pedir piedade não vai trazer o peixe fresco de volta, lá onde o rio faz a curva, lá onde o índio chora e a Mãe Natureza não escuta. Indiozinhos esquálidos, vítimas dos homens detratores, brincam de sobreviver ao jugo dos invasores com objetos feitos de raízes, de gravetos e de sementes, tudo fruto da imaginação de cérebros que ainda não definharam como o músculo e a gordura. A última parte do corpo que morre de fome e de amargura é o cérebro.

A geleia da Shakira Foto / Frederic Legrand

A geleia da Shakira

Graças a deus apareceu a Shakira para a gente poder dar palpite na vida dos outros e parar de pensar nos nossos problemas. Dizem que ela chegou em casa um dia, abriu a geladeira e reparou que a geleia de morango estava abaixo do que havia deixado quando saiu. Eu achei estranho ela saber exatamente quanta geleia tinha no pote, fiquei imaginando ela marcando com um pilot no pote o nível da geleia, antes de sair de casa, algo que eu achava que só as tias chatas faziam.

Não se bate em professor nem com uma flor

Não se bate em professor nem com uma flor

Papo de quem está ficando velho: sou de um tempo em que os alunos se apaixonavam pelos professores. No duro. Tipo curtir dor de cotovelo, chorar pelos cantos da casa ou pensar em se matar no jardim de infância. A primeira paixão arrebatadora foi por minha mãe que, aliás — pobre coitada! — era também uma professora de escola pública, em cujas tetas ptóticas combalidas armei acampamento para sugá-la como um parasita durante meses a fio.

Eu e a minha impressora

Eu e a minha impressora

Eu me dou bem com a maioria dos aparelhos eletrônicos. Sou amigo do meu celular, que me acompanha o dia inteiro em todos os lugares que vou e nunca reclama. Gosto do meu laptop, que geralmente faz o que eu quero e não dá muitos palpites. Não tenho grandes problemas com o meu computador de mesa, que não tem ciúmes por eu ultimamente estar usando mais o laptop do que ele. Mas a minha relação com a impressora é bem problemática.