Livros

Vidas Secas não é um livro sobre a seca no Nordeste, é uma metáfora sobre o homem

Vidas Secas não é um livro sobre a seca no Nordeste, é uma metáfora sobre o homem

Ao retratar as ilusões de uma família às voltas com mais uma estiagem no sertão, “Vidas Secas”, publicado em 1938, lamentavelmente, continua atual, mesmo passados mais de oitenta anos, oitenta mil promessas e as muito propaladas obras de transposição do curso do rio São Francisco para o semiárido nordestino. Seu autor, Graciliano Ramos, além de homem de letras, fora, ainda que por breve período, gestor público, decerto o político mais íntegro que o Brasil jamais conheceu.

Quatro romances para pensar o Brasil moderno

Quatro romances para pensar o Brasil moderno

Escrever ficção ou poesia no Brasil sempre teve o caráter de uma “literatura de dois gumes”. O escritor se vê diante do fardo de enfrentar, ao mesmo tempo, o fato estético e o fato histórico, conforme apontou Antonio Candido. Algo diferente de outros lugares do mundo. Ninguém pensaria em ler Flaubert para explicar a França ou Goethe para entender o destino da Alemanha. Mas, por aqui e na América Latina, o artista é chamado a encarar, constantemente, a vida concreta e a “estilizar” a realidade em suas obras.

Grande Sertão: Veredas, o livro que descortinou a alma humana e o Brasil profundo

Grande Sertão: Veredas, o livro que descortinou a alma humana e o Brasil profundo

Em maio de 1956, João Guimarães Rosa traz à luz “Grande Sertão: Veredas”, épico célebre pelo texto todo pontuado por uma versão muito particular da língua portuguesa, em que a fala do caboclo do interior do Brasil torna-se um dos personagens. Ao abordar a vida dos jagunços sob o ponto de vista metafísico-teológico, Rosa dá à humanidade conhecer a magnitude de seu gênio, perdido nas brumas do tempo do país sem memória que tanto amava.

Oswaldo Cruz: o médico que combateu a febre amarela, a peste bubônica, a varíola e a ignorância

Oswaldo Cruz: o médico que combateu a febre amarela, a peste bubônica, a varíola e a ignorância

Moacyr Scliar (1937-2011) abordou o cientista e médico Oswaldo Cruz de duas formas — como biógrafo, no livro “Oswaldo Cruz — Entre Micróbios e Barricadas” (Relume Dumará, 101 páginas), e como escritor, no romance “Sonhos Tropicais” (Companhia das Letras, 212 páginas). O estudo da vida do cientista paulista, especializado no Instituto Pasteur, na França, não é alentado. Mesmo assim, apresenta muito bem um personagem relevante para o Brasil — “original e extraordinário” — que viveu entre dois séculos, o 19 e o 20, entre 1872 e 1917. Viveu apenas 44 anos.

Literatura argentina: para além de Borges e Cortázar

Literatura argentina: para além de Borges e Cortázar

Na República Mundial das Letras, a Argentina tem um representante peso-pesado que inundou o mercado global a partir dos anos 1960. O nome virou uma marca, Jorge Luis Borges, dito o mais universal dos autores argentinos. Para Beatriz Sarlo, no entanto, o autor de “Ficções” e “O Aleph” só poderia ter surgido em seu país, por mais que falasse de coisas distantes no tempo e no espaço. O fato é que, ao mesmo tempo, a borgesmania dá orgulho e ofusca o restante da produção literária de uma cultura riquíssima.