O fenômeno global que levou mais de 100 milhões de pessoas aos cinemas está na Netflix Divulgação / Lionsgate

O fenômeno global que levou mais de 100 milhões de pessoas aos cinemas está na Netflix

Mais uma vez, cabe a Francis Lawrence conduzir a saga neofeminista e pseudo-revolucionária de Suzanne Collins, “Jogos Vorazes: A Esperança – O Final”, que tem contribuição para o roteiro ao lado de Danny Strong e Peter Craig, mantendo-se fiel à trajetória iniciada três anos antes, no filme inaugural dirigido por Gary Ross. Lawrence consegue extrair de seus atores o necessário entusiasmo mesmo após meses de filmagens que resultaram em mais de nove horas de material, proporcionando uma experiência envolvente para o público.

Poderia-se argumentar que a conclusão da saga poderia ter sido alcançada no filme de 2014, mas seguindo uma tendência observada em outras franquias como “Crepúsculo” e “Harry Potter”, os estúdios optaram por dividir o último capítulo em dois filmes monumentais, mantendo os espectadores engajados e garantindo uma bilheteria duplicada.

Enquanto isso, Katniss Everdeen se vê cada vez mais sem voz diante de um Plutarch Heavensbee que se torna um aliado na luta contra o presidente Snow, sem que o roteiro se alongue em explicações. Essas nuances sutis são o cerne da trama, com Jennifer Lawrence, Philip Seymour Hoffman e Donald Sutherland travando um duelo silencioso pela atenção do público. Na pele de Johanna, Jena Malone traz um toque de humor que antes cabia a Effie Trinket, interpretada por Elizabeth Banks, que agora se vê em segundo plano diante do turbilhão de eventos que se desenrolam em 137 minutos.

Jennifer Lawrence, profissional até o cerne, encarna o espírito de redenção da humanidade literalmente correndo contra o tempo para manter o enredo coeso. A presença de Peeta Mellark, interpretado por Josh Hutcherson, continua a ser pouco relevante, especialmente agora como noivo de Katniss, tornando ainda mais evidente sua falta de impacto. Talvez tivesse sido mais prudente subverter o enredo original, conferindo a Gale, interpretado por Liam Hemsworth, o papel de futuro marido de uma heroína que sempre se destacou pela independência.

Por mais que “Jogos Vorazes: A Esperança – O Final” não se destaque pela originalidade, sua importância reside na habilidade de manter o público cativado e engajado até o desfecho. O filme é uma conclusão satisfatória para uma saga que conquistou legiões de fãs ao redor do mundo, mesmo que não apresente grandes reviravoltas ou surpresas.

A dinâmica entre os personagens principais, especialmente Katniss Everdeen, continua a ser o ponto central da trama, com Jennifer Lawrence demonstrando mais uma vez sua maestria na interpretação de uma heroína complexa e multifacetada. A presença de Peeta Mellark, por sua vez, parece cada vez mais periférica, destacando-se a necessidade de uma reavaliação dos papéis de gênero na narrativa.


Filme: Jogos Vorazes: A Esperança – O Final
Direção: Francis Lawrence
Ano: 2015
Gêneros: Ação/Ficção científica
Nota: 8/10