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Isaac Bashevis Singer: o pesadelo do escritor que tentou viver de seu ofício enquanto o mundo desmoronava Bernard Gotfryd / Biblioteca do Congresso

Isaac Bashevis Singer: o pesadelo do escritor que tentou viver de seu ofício enquanto o mundo desmoronava

Todo romance é sobre literatura. Todos os que contam, pelo menos, como nos lembra “Shosha”, de Isaac Bashevis Singer, lançado originalmente em 1978, o mesmo ano em que o autor ganhou o Prêmio Nobel. A linhagem é conhecida. “O Quixote” que se debruça sobre si mesmo na segunda parte do texto de Cervantes é o exemplo canônico da ficção com autoconsciência. O jogo não tem fim e chegou ao auge com as experiências do século 20, de James Joyce a Guimarães Rosa.

Do original ausente, sou

Do original ausente, sou

“As Coisas de que não me Lembro, Sou”, de Jacques Fux, me faz lembrar de coisas que não me lembro e que você também não vai se lembrar. O momento em que nasci, da primeira palavra dita, do toque no corpo nu, da boca sem dentes, do primeiro grito de reprovação recebido; quando comecei a ler, a escrever ou a primeira vez que vi de perto a loucura dos outros e a minha. E a loucura do amor? “Não me lembro do amor, mas era só isso que vivia.”

Romance de Alex Andrade se sustenta na construção de sua protagonista

Romance de Alex Andrade se sustenta na construção de sua protagonista

Entrecruzando testemunho e fluxo de consciência, narrativa dá voz a uma mulher de meia-idade que renunciou a própria vida para cuidar do pai senil, vivendo a uma rotina pálida e exaustiva que amortece com vícios e lembranças de um homem enigmático. Então, um evento inesperado muda radicalmente o rumo da história, abrindo passagem para um passado de violências que envolve drama familiar e relacionamento abusivo.

A obra-prima de García Márquez que ficou à sombra de Cem Anos de Solidão

A obra-prima de García Márquez que ficou à sombra de Cem Anos de Solidão

Se o “O Amor nos Tempos do Cólera” possui menos crédito do que “Cem Anos de Solidão”, é porque aprendemos a esperar do escritor colombiano histórias recheadas de coisas absurdas, como fizera naquela obra em que criara certamente mais dificuldades para seus leitores. A dupla latino-americano formada por Mário Vargas Llosa e Gabriel García Márquez anunciava-se ao mundo no final dos anos 1960, e o último exporia uma nova faceta do realismo mágico-fantástico iniciado por Alejo Carpentier e Jorge Luis Borges em décadas anteriores.