Coetzee e a barbárie

Coetzee e a barbárie

No acervo da Netflix, uma das peças mais interessantes é o filme “Esperando os Bárbaros” (2019), de Ciro Guerra. As estrelas Johnny Depp e Robert Pattinson são chamarizes de público para a adaptação de um dos melhores romances do final do século 20: “À Espera dos Bárbaros” (1980), do sul-africano J.M. Coetzee, ganhador do Nobel de Literatura em 2003. Ver a versão para o cinema é a via de acesso a um universo que herda questões centrais para as artes, o pensamento e o mundo contemporâneo.

Como escrever um best-seller 

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Em outra perspectiva autoral, recomenda-se a perspectiva temática de obras literárias, que abordem as peripécias de feiticeiras, magos, gnomos, fadas e duendes, a fim de que se seduzisse o público consumidor, ávido por esvaziar as prateleiras repletas de esoterismos e espiritualidade. Eis o estrondoso êxito comercial do espólio do bruxo carioca Paulo Coelho e da saga de Harry Porter, cujo sucesso fez uma escritora até então endividada obter patrimônio mais significativo do que o da rainha da Inglaterra, Elizabeth II. Em terceiro plano, caso não haja talento para autoficção ou esoterismo, peço que aposte todas as fichas do jogo ficcional nos registros que abranjam os conflitos étnicos e de gênero.

Suspense policial cheio de reviravoltas na Netflix vai te abalar até os ossos Divulgação / 20th Century Fox

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Uma produção de Steve McQueen, “As Viúvas” é um filme mais dentro do estilo “mainstream” do diretor britânico, normalmente conhecido por suas produções cults, intelectualmente relevantes, dramáticas e contemplativas. Eu diria que este longa-metragem é um híbrido, pois mistura explosividade de Hollywood com a elegância de uma atuação feminista que só Viola Davis poderia nos presentear.

Dê uma chance e irá se surpreender: filme subestimado na Netflix vai acalmar sua alma e te fazer acreditar em recomeços

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Talvez artistas sejam particularmente suscetíveis àqueles momentos em que a vida passa a oscilar — muito mais para baixo que para cima —, arrebatada pelo movimento que ela mesma dispara e que não é capaz de sofrear. Esse é um dos argumentos de que Rachel Winter dispõe em “Aquilo Que Nos Separa”, sem pesar a mão ou glamourizar eventuais falhas de seu excêntrico protagonista, um roqueiro das antigas, refém de uma glória restrita a tempos mortos.