Mais doce que chocolate: você não pode perder este filme para românticos incorrigíveis na Netflix Divulgação / Netflix

Mais doce que chocolate: você não pode perder este filme para românticos incorrigíveis na Netflix

O primeiro amor é quase sempre, e ao mesmo tempo, mágico e doloroso. Em “Garota do Século 20”, filme de estreia da diretora sul-coreana Woo-ri Bang, sentimos a nostalgia dos anos 1990 embalada por um romance adolescente e ingênuo, cheio de descobertas e amadurecimento. O longa-metragem lançado em 2022 mistura romance e comédia em uma história emocionante entre duas amigas que se apaixonam pelo mesmo cara.

A protagonista é Na Bora (Yoo-jung Kim), uma adolescente que fica incumbida de investigar Hyun-Jin (Park Jung-woov), um galã da escola, para sua melhor amiga Yeon-du (Roh Yoon-seo), que teve que voar até Nova York para passar por uma cirurgia de transplante de coração. No meio da conspiração para descobrir tudo sobre o garoto para sua amiga apaixonada, uma série de confusões acontece e aproxima Bora de Hyun-Jin e de seu melhor amigo, Poong Woon-Ho (Woo-Seok Byeon).

O trio passa o ano bastante unido, mas logo as emoções entre eles começam a se confundir. Os dois garotos se sentem atraídos por Bora, não apenas por causa de sua beleza, mas pelo seu jeito espontâneo, generoso e desastrado. E, para o pesadelo da garota, ela é invadida por uma paixão incontrolável pelo crush de sua amiga.

Quando Yeon-du retorna repentinamente dos Estados Unidos com um novo coração, ela passa a integrar o grupo. Seus sentimentos por Hyun-Jin permanecem, mas ela ainda não sabe da paixão de sua amiga pelo mesmo garoto.

“Garota do Século 20” foi escrito e dirigido por Woo-ri Bang por dois motivos bastante pessoais. O primeiro é por conta de sua paixão por filmes juvenis. Segundo a cineasta, foi o clássico italiano melodramático “Cinema Paradiso” que a fez se encantar pela sétima arte. Assistí-lo foi um momento catalisador que a fez compreender a mágica dos filmes. A segunda razão é que, depois de conversar com uma amiga sobre primeiro amor,  Woo-ri Bang decidiu repassar as páginas de seu antigo diário, onde encontrou seus relatos de adolescência sobre como investigou um garoto para sua melhor amiga.

O filme se passa na virada de 1999 para os anos 2000 e relembra como a virada do milênio mexeu com a imaginação das pessoas. Além das tecnologias emergentes à época, os pagers, celulares tijolões e computadores de caixa, havia uma expectativa em relação às transformações nas quais o mundo atravessaria com todo esse avanço científico e tecnológico. Sem falar na teoria de um suposto fim do mundo.

Woo-ri Bang nos leva de volta aqueles tempos nostálgicos e a fotografia desbotada e embaçada de seu filme remete à lembrança, algo que vem à mente sem muita clareza. Embora eu compreenda a escolha da cineasta por esse visual, é preciso dizer que ele não é bonito e nem confortável para as vistas. Bang não é bem-sucedida em marcar sua estreia com esse estilo de fotografia que parece fazer cair a qualidade de suas imagens.

Mesmo assim, a história é divertida e adorável o bastante para nos manter presos até o final. O enredo é feminino, sentimental e delicado. Incorpora todos os clichês dos romances no cinema, mas sem deixar chato ou forçado. O final é comovente, até mesmo porque explora as improbabilidades da vida, como ela é incontrolável, enérgica e renovável.


Filme: Garota do Século 20
Direção: Woo-ri Bang
Ano: 2022
Gênero: Romance / Comédia / Drama
Nota: 8/10

Fer Kalaoun

Fer Kalaoun é editora na Revista Bula e repórter especializada em jornalismo cultural, audiovisual e político desde 2014. Estudante de História no Instituto Federal de Goiás (IFG), traz uma perspectiva crítica e contextualizada aos seus textos. Já passou por grandes veículos de comunicação de Goiás, incluindo Rádio CBN, Jornal O Popular, Jornal Opção e Rádio Sagres, onde apresentou o quadro Cinemateca Sagres.