Suspense de ação frenético, na Netflix, perfeito para desligar o cérebro Divulgação / Lionsgate Films

Suspense de ação frenético, na Netflix, perfeito para desligar o cérebro

Não há nenhum produto da indústria cultural que não reaproveite elementos do que fez sucesso algum dia, e “Sem Saída”, a começar pelo título — o original e a adaptação para o público brasileiro —, é um exemplo clássico da premissa. O espectador é mesmo raptado por uma história frenética, mas que, paradoxalmente, não sai do lugar e anda em círculos, na esperança de descobrir seu eixo. O texto de Shawn Christensen fornece as pistas falsas de sempre, num esforço de capturar o interesse da audiência, que, generosa, até finge cair na litania do garoto bonito, bem-criado, que em meio aos preparativos para o ingresso na faculdade, obtém, afinal, a incômoda certeza quanto à dúvida que o perseguiu sem clemência ao longo da vida. O problema é que o filme encerra-se nesse casulo, e, o pior, apresenta soluções fáceis demais para sair dele.

Nathan Harper, o personagem central vivido por Taylor Lautner, desliza pela estrada em meio a olmos para um dos famigerados bota-fora do ensino médio, não raro a última vez em que aquelas pessoas irão se ver. Nathan, que malgrado atraente não tem muito jeito com as meninas, compensa o fracasso sexual bebendo além da conta, e amanhece no gramado da casa da anfitriã, desesperada, tentando dar um jeito na montanha de lixo que seus convidados deixaram. É justo nessa hora que surge Kevin, o pai, que, naturalmente, reserva-lhe um bom sermão, mas meio exagerado, às raias do abusivo. O castigo não ultrapassa nenhuma fronteira do eticamente suportável (ao menos isso); todavia, o diretor John Singleton (1968-2019) vale-se do episódio na intenção de cravar que, sim, uma aresta qualquer teima em extravasar para o terreno do mistério, quiçá do crime, e toda a inadequação de Nathan passa a fazer sentido, bem como a paranoia de Kevin, o pai demasiadamente zeloso de Jason Isaacs, e Mara, a mãe, de Maria Bello, que tenta dar a liberdade de que os filhos tanto carecem nessa fase, sem, no entanto, furtar-se a exigir a contrapartida. Também entra nessa equação Gerri Bennett, a psicanalista interpretada por Sigourney Weaver, em aparições pontuais, mas decisivas. É pouco depois de uma sessão com a doutora Bennett que Nathan se capacita a interpretar a visão que o assombra noite após noite, e nesse movimento, Singleton conduz a revelação que dá azo ao enredo, atabalhoadamente.

Desse ponto até a conclusão, o filme se resume a tomadas claustrofóbicas de Nathan e Karen, a mocinha de Lilly Collins, que lhe guarda um amor platônico desde a infância, em deslocamentos farsescos, tentando escapar do sítio da CIA. O diretor explica brevemente que o protagonista está em posse de algo valioso, relacionado à informações criptografadas que podem cair nas mãos de Nikola Koslow, o mafioso sérvio de Michael Nyqvist, não convence. “Sem Saída” faz justiça ao nome.


Filme: Sem Saída
Direção: John Singleton
Ano: 2011
Gêneros: Ação/Thriller
Nota: 7/10