Um dos melhores e mais inteligentes filmes de mistério do cinema está na Netflix Divulgação / Columbia TriStar

Um dos melhores e mais inteligentes filmes de mistério do cinema está na Netflix

“Os Homens que Não Amavam as Mulheres” é um livro do escritor sueco Stieg Larsson, lançado em 2005 e pertencente à série “Millenium”. O romance, que estreou em quarto lugar como best-seller nos Estados Unidos, na lista do New York Times, ganhou sua primeira versão para os cinemas em 2009, na produção dirigida por Niels Arden Oplev e estrelada por Michael Nyqvist e Noomi Rapace. Bem-avaliada pela crítica, a história decolou pelo mundo inteiro e colocou Rapace sob os holofotes de Hollywood.

Apesar de sua primeira adaptação aclamada, Hollywood, claro, não poderia deixar de dar sua própria cara para a história. Foi quando o reconhecido diretor de “Seven: Os Sete Crimes Capitais”, “Clube da Luta” e outras muitas obras-primas do cinema foi contratado para dar vida à versão estadunidense.

Desta vez, o protagonista é Daniel Craig, que interpreta Mikael Blomkvist, um jornalista investigativo que vive uma crise em sua carreira, após escrever uma matéria denunciando um poderoso empresário. No entanto, sem provas para embasar sua história, ele perde um processo de difamação e vê sua reputação, vida financeira e a revista onde trabalha ir ladeira abaixo. Sua virada ocorre quando ele é contratado por Henrik Vanger (Christopher Plummer), um magnata ex-CEO da Vanger Enterprises, para escrever um livro de memórias.

Na verdade, a proposta de Vanger é a seguinte: que Blomkvist finja escrever o livro de memórias, quando na verdade ele deve investigar um suposto crime ocorrido dentro da família. Henrik conta ao jornalista que sua sobrinha-neta Harriet desapareceu há 40 anos e pede que ele descubra quem foi o assassino. O magnata acredita que o culpado é um de seus familiares. Além da recompensa financeira, Vanger promete a Blomkvist as provas que ele precisa contra o empresário que arruinou sua carreira.

Durante as investigações, a hacker cyberpunk Lisbeth Salander (Rooney Mara) ajuda Blomkvist nas investigações. Ela também havia revirado todo o passado e os segredos do jornalista a pedido de Vanger, antes do serviço entre eles ser fechado. Enquanto descobrem o que verdadeiramente ocorreu com Harriet, Lisbeth e Blomkvist se envolvem sexualmente.

Há uma intricada e complexa rede de segredos, mentiras, intrigas e crimes que ronda a família. Durante a apuração do caso, a vida do jornalista e da hacker são postas em risco e muita coisa acontece. Apesar de parecer simples, a história é um pouco mais complicada e, para entender tudo, o espectador deve ficar com os olhos grudados na tela.

No meio da trama principal, há subtramas que tornam a história cheia de camadas, substantiva e cheia de mistérios. O filme, ainda, traz reflexões sobre ética e a responsabilidade jornalística em relação à divulgação de informações; desenterra passados sombrios da Europa, como o nazismo, e outras questões obscuras que nem estão tão no passado assim, como a misoginia; o sistema político, burocrático e capitalista moralmente falido e quem fazem parte, neste jogo de puxar cordas, do lado fraco e forte.

Os homens que não amam as mulheres não estão apenas dentro da família Vanger, que esconde um ciclo de abusos sexuais e assassinatos, mas dentro de todas as instituições suecas, de acordo com o filme, que reproduzem este mesmo ciclo violento, no qual Lisbeth é, também, vítima. Em vida, o escritor, Stieg Larsson, revelou que sua personagem foi baseada em uma conhecida, que foi vítima de estupro. Um estudo de 2021, da Organização Mundial de Saúde (OMS), mostrou que, em todo mundo, uma em cada três mulheres sofrem ou sofreram violência física e sexual. Esses dados mostram que “Os Homens que Não Amavam as Mulheres” não exagera quando critica esse tipo de violência.


Filme: Os Homens que Não Amavam as Mulheres
Direção: David Fincher
Ano: 2011
Gênero: Policial/Drama /Mistério
Nota: 9/10

Fer Kalaoun

Fer Kalaoun é editora na Revista Bula e repórter especializada em jornalismo cultural, audiovisual e político desde 2014. Estudante de História no Instituto Federal de Goiás (IFG), traz uma perspectiva crítica e contextualizada aos seus textos. Já passou por grandes veículos de comunicação de Goiás, incluindo Rádio CBN, Jornal O Popular, Jornal Opção e Rádio Sagres, onde apresentou o quadro Cinemateca Sagres.