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O livro brasileiro superestimado (e infantilizado) que virou crime dizer que é ruim

O livro brasileiro superestimado (e infantilizado) que virou crime dizer que é ruim

Elevado à condição de símbolo emocional de uma geração, “Tudo é Rio”, de Carla Madeira, tornou-se um romance quase intocável — um objeto de fé coletiva mais do que uma obra literária passível de crítica. Mas por trás da aura lírica e do culto à dor redentora, há um romance limitado, onde a intensidade se confunde com histeria, e o perdão com pressa. Uma escrita de efeitos fáceis, que estetiza o trauma e infantiliza a linguagem da dor. É hora de perguntar: por que tanto silêncio diante do que, talvez, não seja beleza — mas apenas ruído bem editado?

Os 10 melhores poemas de Adélia Prado

Os 10 melhores poemas de Adélia Prado

Ninguém escreve como Adélia Prado. Seus versos não pedem licença — atravessam. Falando de amor, de Deus, da carne ou de louça quebrada, ela torna o ordinário uma epifania e transforma o feminino em realeza descalça. Há um dom raro em sua poesia: uma leveza que corta. Uma alegria que não ignora a tristeza. Uma fé que não é cega — é encarnada. Esta seleção mergulha nos poemas que melhor capturam sua arte sem armadura, sua inteligência sensível, sua linguagem que respira, tropeça e nos devolve humanos.

As sete big bilionárias

As sete big bilionárias

Esse texto que você está lendo agora, por exemplo, foi escrito no Word da Microsoft, vai ser divulgado pelo Facebook da Meta ou pelo Instagram, que é da Meta também, ou pelo Twitter, que é do Elon Musk. Certamente será lido em algum celular, que no meu caso é da Apple, mas poderia ser da Sansung, que usa o Android da Google. Para escrever eu tive que consultar o Google para descobrir que a sétima empresa era a Nvidia, que por sinal deve ter algum chip envolvido nessa parada.

Na minha época não era melhor

Na minha época não era melhor

Cedo demais para ficar mal-humorado. Ainda assim, aborreci-me. Pulei cedo da cama de campanha, fui escovar os dentes, mas me deparei com a bisnaga de dentifrício espremida até o talo, a qual eu havia deixado sobre a Telefunken. Miseravelmente, eu me esquecera de passar na farmácia do Geraldino para comprar Kolynos. De toda forma, o velho farmacêutico recusava-se a me vender fiado ou a aceitar os meus cheques. Não o culpava pela falta de deferência. Além de estar desempregado há meses, a minha caligrafia era ininteligível.

Fahrenheit 451: Bradbury, Cioran e a última fagulha na Avenida Paulista

Fahrenheit 451: Bradbury, Cioran e a última fagulha na Avenida Paulista

Numa era em que tudo convida à distração, pensar tornou-se um gesto insubordinado. Este ensaio percorre as camadas de uma distopia elegante, onde o silêncio foi abolido e a memória, dissolvida. Entre personagens que hesitam, lembram, se curvam ou resistem, emerge a suspeita incômoda de que o maior inimigo da consciência não é a repressão violenta — é a renúncia voluntária. Escrito com fulgor crítico e eco filosófico, o texto propõe uma leitura radical do presente, em que esquecer é fácil demais, e lembrar exige coragem. Há livros que ferem. Outros que despertam. E há os que, como este, fazem os dois.