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A mulher que ajudou a fundar a Academia Brasileira de Letras foi preterida por ser mulher e apagada da memória oficial

A mulher que ajudou a fundar a Academia Brasileira de Letras foi preterida por ser mulher e apagada da memória oficial

Júlia Lopes de Almeida, cronista, romancista e abolicionista, foi uma das vozes mais lidas da Primeira República. Entre 1896 e 1897, ajudou a gestar a Academia Brasileira de Letras, mas ficou fora quando o estatuto se fechou às mulheres. Em 1901, publicou “A Falência”, retrato cortante do Encilhamento. Em 2010, seu arquivo entrou no acervo da Academia. Releituras recentes recolocam seu nome no alto da página. Este perfil reconstrói a vida, a obra e o apagamento que insiste em seu retrato ausente. E convoca reparação, memória, gesto institucional claro, agora.

O ano em que Spielberg entrou em depressão e pensou em encerrar sua carreira no cinema Brian Bowen Smith

O ano em que Spielberg entrou em depressão e pensou em encerrar sua carreira no cinema

O ano era 1993 e “A Lista de Schindler”, um dos filmes mais prestigiados da carreira de Steven Spielberg, ainda nem tinha sido lançado. Às vezes, o sentimento, depois de um trabalho bem-sucedido, não é a realização pessoal, satisfação ou alívio por ter cumprido uma missão. Muitas vezes, mesmo quando tudo dá certo, o que toma conta é, na verdade, a sensação de frustração.

Há meio século, um homem pôs o filho na garupa da moto, cruzou os Estados Unidos e mudou a história da filosofia Foto / Wendy Pirsig

Há meio século, um homem pôs o filho na garupa da moto, cruzou os Estados Unidos e mudou a história da filosofia

Há meio século, um autor do Meio-Oeste somou viagem, oficina e filosofia e redefiniu a ambição da não ficção. Ao narrar a travessia de um pai com o filho, ele trocou a metáfora pela prática: pensar virou regular válvulas, observar ruídos, aceitar bloqueios. O resultado atravessou disciplinas, inspirou engenheiros, designers e escritores, e devolveu à literatura a dignidade do trabalho minucioso. Sua continuação marítima ampliou o projeto moral. Hoje, aquela síntese silenciosa segue iluminando como valores formam gestos e como precisão também é forma de ética, para trabalhos e vidas.

A última madrugada de Sylvia Plath: Londres, 1963, portas vedadas, filhos dormem, ela escreve e morre ao amanhecer Gordon Ames Lameyer / Universidade de Indiana

A última madrugada de Sylvia Plath: Londres, 1963, portas vedadas, filhos dormem, ela escreve e morre ao amanhecer

De Boston à Cambridge, da bolsa que a levou além-mar ao encontro com um poeta carismático, a trajetória dela foi ascensão e fricção. Rigorosa desde cedo, transformou rotina em disciplina: acordar antes das crianças, escrever no frio, medir cada frase. Casou, mudou-se, teve dois filhos, separou-se, subiu um sobrado em Primrose Hill quando o país congelava. Entre contas, cartas e leituras, perseguiu precisão. Aos trinta, num fevereiro implacável, a vida se interrompe. Ficou a obra, e o percurso de quem fez da linguagem um lugar para resistir, contra o frio.

Aos 75, uma doceira do interior do Brasil publicou seu primeiro livro. Hoje, toda a língua lusófona a reverencia Foto / Cidinha Coutinho

Aos 75, uma doceira do interior do Brasil publicou seu primeiro livro. Hoje, toda a língua lusófona a reverencia

De uma casa baixa à margem do Rio Vermelho, Cora Coralina transformou trabalho, silêncio e cadernos em literatura. Doceira, viúva, escritora tardia, publicou o primeiro livro em 1965, aos 75 anos, e a partir daí reorganizou pertencimentos: mulheres, cidades pequenas, leitores urbanos. Entre becos, cartas e rigor verbal, sua obra recusa exotismo e sustenta uma ética da atenção. Este retrato atravessa a infância em Vila Boa, a volta em 1956, a edição pela José Olympio, a reedição da UFG e a leitura de Drummond, até o reconhecimento público e museológico.