Autor: Carlos Willian Leite

Recorde absoluto: livro que vendeu 15 milhões de exemplares e foi traduzido para 40 línguas

Recorde absoluto: livro que vendeu 15 milhões de exemplares e foi traduzido para 40 línguas

É emblemático como certos livros nos tocam antes mesmo de terminá-los, mesmo que, ao final, não saibamos exatamente por que fomos tocados. “Toda Luz que Não Podemos Ver”, do norte-americano Anthony Doerr, é um desses casos. Não exatamente pela história, que poderia soar familiar: uma menina cega em Paris ocupada pelos nazistas, um menino alemão brilhante alistado à força pela Juventude Hitlerista, mas por algo mais sutil — uma forma de olhar para o horror sem deixar que ele obscureça completamente a ternura.

Com R$ 35 mil em prêmios, concurso de contos da Revista Bula terá Cristovão Tezza e Miguel Sanches Neto no júri

Com R$ 35 mil em prêmios, concurso de contos da Revista Bula terá Cristovão Tezza e Miguel Sanches Neto no júri

A literatura de língua portuguesa acaba de ganhar um novo espaço de celebração e descoberta: o 1º Bula Prêmio de Conto. Com inscrições abertas até 31 de agosto de 2025, o concurso internacional vai selecionar contos que se destaquem pela força estética e inventividade narrativa, premiando os dez melhores com um total de R$ 35 mil. Promovido pela Revista Bula, a iniciativa busca revelar novos autores e impulsionar a produção contemporânea em português. Entre os jurados, nomes de destaque como Cristovão Tezza e Miguel Sanches Neto garantem a relevância e o rigor literário da seleção.

A nova obsessão dos leitores não é por histórias — é por validação

A nova obsessão dos leitores não é por histórias — é por validação

A literatura é um cadáver bem maquiado. Não por ter morrido, mas por ter sido preparada para a missa dos vivos. Deitou-se a linguagem num divã e pediram que ela não fosse agressiva. As histórias agora se dobram como toalhas de hotel: asseadas, simétricas, passíveis de aplauso e pós nas redes. E, claro, sem manchas. Sobretudo, sem manchas. O leitor sensível é o novo censor. Elegante, empático, atento ao sofrimento do mundo, mas com o dedo sempre no gatilho da denúncia. Ele não quer ler para sangrar; quer ler para se sentir bom.

Meridiano de Sangue: o épico brutal que redefiniu a literatura dos últimos 50 anos

Meridiano de Sangue: o épico brutal que redefiniu a literatura dos últimos 50 anos

De algum jeito, talvez porque os olhos insistem em parar naquelas frases que sangram, é impossível não ter a sensação de que o livro está nos lendo enquanto fingimos lê-lo. Há palavras como lâminas, mais precisas do que confortáveis, narrativas feitas de silêncio e pó. “Meridiano de Sangue” não explica. Recusa explicar. Como um sonho febril, escapa quando se tenta descrever; não há chão, nem mapa, nem certeza. Há somente algo que sussurra continuamente por trás das páginas: não estamos seguros; nunca estivemos. E o que restar depois disso talvez nem importe tanto.