Autor: Eberth Vêncio

O mundo é um hospício

O mundo é um hospício

Atribui-se esta frase a Albert Einstein. Para não cometer mais uma gafe, perguntei a Dona Fiinha, pesquisei na internet, mas, não encontrei nenhuma fonte segura que atestasse a sua veracidade. Portanto, pelo menos por hora, até que alguém me desminta e me envergonhe, será uma frase atribuída a ninguém. Coisas de domínio público. Feito o medo da morte.

Estamos por nossa conta e risco

Estamos por nossa conta e risco

Estamos por nossa conta e risco. Põe os teus discos para tocar. 33 rotações por minuto. Por favor, dá-me tua mão. Os objetos da sala estão a girar. E eu que julgava ser o sol. Deve ser por causa do merlot, do Rivotril ou da droga da labirintite.

Andam sobrando demônios no coração das pessoas de bem

Andam sobrando demônios no coração das pessoas de bem

Tentar com mais de ternura dava um certo trabalho. Já tinha vomitado cinco vezes. Mais uma golfada e acabava por virar-se do avesso. O cheiro de gás entristecente que escapava dos foles, das conexões e das traqueias lhe embrulhava o estômago. Sentia na mente uma certa amargura e, na língua, o amargor de uma gosma esverdeada, mais conhecida entre os profissionais de moléstias extremadas como suco biliar.

Procure direito o lázaro escondido no peito

Procure direito o lázaro escondido no peito

Caçavam-me há semanas. Esperança fora encontrada morta, a boiar num lago na Cidade ocidental. Acusavam-me do hediondo crime de fugir da realidade. Era o personagem mais lazarento e odiado da história desde Jesus Cristo. A cruz, para mim, era pouco, dizia-se. Experimentado em mato, no mato me refugiei. Bebia água de pedra. Banhava-me em poças de lágrimas. Rastejava entrelaçado às cobras. Mastigava frutos nativos do cerrado. A maioria dos morcegos era herbívora, mas, o povo queria mesmo era sangue.