O filme da Netflix que foi visto por mais de 20 milhões de pessoas na primeira semana de estreia Divulgação / Netflix

O filme da Netflix que foi visto por mais de 20 milhões de pessoas na primeira semana de estreia

Nunca me aventurei pelos meandros de “The Last Kingdom”, uma série que arrebata elogios e conquista uma audiência fiel entre os entusiastas das epopeias. Para concluir sua saga em cinco temporadas, os produtores optaram por uma abordagem cinematográfica, resultando no filme atualmente mais popular na Netflix em termos de visualizações globais. Se, como eu, você não mergulhou nos episódios da série, não se preocupe, pois isso não é um obstáculo intransponível para apreciar “The Last Kingdom: Seven Kings Must Die”. 

À primeira vista, a trama parece intricada. São inúmeros reinos, uma miríade de personagens e uma teia de intrigas entrelaçadas. No início, é difícil discernir as alianças e os antagonismos, deixando o espectador ocasional confuso. Contudo, à medida que o filme avança, os enigmas começam a se desvendar, trazendo clareza às relações entrelaçadas. 

Inspirada nas “Crônicas Saxônicas” de Bernard Cornwell, renomado autor britânico com uma paixão ardente pela história, essa narrativa é um banquete para mentes ávidas por eventos épicos e significativos. Ambientada nos séculos IX e X, durante o reinado de Alfredo, o Grande, a série narra os esforços para unificar a Inglaterra, em meio aos assaltos vikings. No entanto, o protagonismo recai não sobre Alfredo, mas sobre Uhtred, inspirado em uma figura histórica que governou a fortaleza de Bamburgo. 

A escolha de Cornwell de elevar Uhtred ao centro da trama foi motivada pela descoberta de um vínculo distante, porém significativo, entre eles. Após uma investigação genealógica que remonta ao século VI, o autor percebeu que Uhtred era um de seus antepassados. Na história, esse personagem é um guerreiro intrépido, cuja presença é vital tanto nos campos de batalha quanto nas maquinações políticas da época, desempenhando um papel crucial na luta contra os inimigos escoceses, por exemplo. 

Apesar de ancorada em eventos históricos, “The Last Kingdom” e suas fontes literárias são, em grande parte, obras de ficção. No filme, testemunhamos as consequências da morte de Eduardo, filho de Alfredo, já em uma fase avançada em relação ao início da série. O longa procura condensar os desfechos dos três últimos volumes da saga, que não foram adaptados para a tela pequena. 

Após a morte de Eduardo, uma disputa pelo trono se desencadeia entre seus herdeiros, Aelfweard e Aethelstan. O primeiro é assassinado por seu meio-irmão, desencadeando uma sucessão de conflitos e intrigas pela sucessão. Aethelstan, convertido em um cristão fervoroso, torna-se uma marionete nas mãos de seu amante e líder religioso, Ingilmundr. Ao banir Uhtred por não jurar lealdade a ele, Aethelstan o envia às Ilhas Britânicas, onde Uhtred se depara com uma aliança formada pelo rei dinamarquês Anlaf e os adversários do monarca inglês. Nesse momento, Uhtred se vê obrigado a tomar partido antes da iminente batalha final. 

O clímax do filme, a batalha, é retratado com maestria, transmitindo toda a brutalidade e a intensidade dos confrontos medievais ao público. A tensão é palpável, alimentando as esperanças dos fiéis seguidores da série por um desfecho satisfatório. Contudo, é preciso reconhecer que esta narrativa não se encerra, apenas desdobra-se em novos capítulos. Essa falta de conclusão definitiva pode decepcionar alguns espectadores ávidos por respostas claras. No entanto, “The Last Kingdom: Seven Kings Must Die” entrega uma experiência épica e envolvente, transportando o espectador para os bastidores da Idade Média. 


Filme: The Last Kingdom: Seven Kings Must Die 
Direção: Edward Bazalgette 
Ano: 2023 
Gênero: História / Drama / Ação 
Nota: 9/10