O último filme dirigido por Jodie Foster está na Netflix Divulgação / TriStar Pictures

O último filme dirigido por Jodie Foster está na Netflix

A riqueza é um motor que impulsiona a sociedade, e muitos não se surpreendem ao saber que o montante transacionado em um único dia na Bolsa de Nova York poderia sustentar por várias jornadas populações inteiras em países como o Zimbábue, considerado um dos mais carentes do mundo. Imagine então um programa televisivo que oferece orientações sobre investimentos para um público amplo, dispensando o jargão técnico de Wall Street e talvez mais confiável do que os típicos analistas financeiros. Este programa atinge diariamente milhões de pessoas, incluindo um espectador frustrado que perdeu tudo em investimentos ruins.

Quem deve ser responsabilizado? Em seu filme “Jogo do Dinheiro”, Jodie Foster acompanha um antagonista que é uma constante na vida de todos desde o nascimento até a morte, revelando as mazelas de um ambiente tóxico. O elenco de renome confere ao filme uma atmosfera comparável a “O Lobo de Wall Street” de Martin Scorsese, embora com uma abordagem menos lasciva e mais intelectual, sugerindo que a situação é mais grave do que parece.

Adam Smith, o célebre filósofo e economista escocês do século XVIII, um ícone da Era das Luzes, anteviu o mundo de maneira que transcendeu sua própria era. Ele formulou uma das mais influentes teorias do liberalismo econômico, que serviu como pilar para o capitalismo contemporâneo. Defensor do mínimo envolvimento estatal na economia, o liberalismo sustenta que os indivíduos têm a liberdade de escolher com quais empresas querem engajar-se, optando por aquelas que oferecem o melhor produto ou serviço pelo preço mais acessível.

Neste ambiente competitivo, as empresas se auto-regulam e melhoram continuamente, num processo comparável ao darwinismo aplicado ao mercado. A competição é essencial para a sobrevivência das empresas, sejam elas grandes ou pequenas, e especialmente as gigantes enfrentam batalhas comparáveis a guerras entre titãs.

O meticuloso roteiro de Alan DiFiore, Jim Kouf e Jamie Linden, repleto de diálogos agudos, prepara o espectador para as reviravoltas que se sucedem após uma extensa introdução. Lee Gates, o apresentador do “Mad Money”, lembra um vendedor nato capaz de convencer qualquer um, uma qualidade que atrai anunciantes vorazes, ao lado de bancos e agências de risco.

Kyle Budwell, um jovem desempregado, perde seus sessenta mil dólares economizados por seguir um mau conselho de Gates. Após Foster estabelecer a complexidade de seu personagem principal, Jack O’Connell rouba a cena, uma façanha que já havia demonstrado em outros filmes, apoiado pelo brilho de Julia Roberts e participações impactantes de Caitríona Balfe e Dominic West. A diretora habilmente entrelaça esses personagens em um final inesperado, deixando o público na torcida por um herói improvável em sua luta solitária contra as forças brutais do capitalismo.


Filme: Jogo do Dinheiro
Direção: Jodie Foster
Ano: 2016
Gêneros: Thriller/Crime
Nota: 9/10