Vencedor do Oscar, melhor filme de ficção científica dos últimos 10 anos está na Netflix Divulgação / A24

Vencedor do Oscar, melhor filme de ficção científica dos últimos 10 anos está na Netflix

“Ex-Machina — Instinto Artificial”, dirigido por Alex Garland, nos conduz por um cenário familiar, tanto no cinema quanto na vida cotidiana, há várias décadas. A ascensão da internet, desde sua origem em experimentos militares na década de 1960 até sua presença onipresente atual, reflete uma evolução marcante. No entanto, mesmo com sua difusão global, a acessibilidade à inteligência artificial em sua forma mais básica ainda é limitada, com apenas uma parcela da população desfrutando de conexões estáveis.

O constante desejo humano por mais, por superar limites e por desafiar o impossível impulsionou avanços tecnológicos notáveis. À medida que surgiam novas demandas, novas soluções eram criadas, incorporando-se à rotina diária como utensílios comuns. O que um dia era considerado extraordinário gradualmente se tornou ordinário, à medida que a tecnologia se entrelaçava cada vez mais com nossas vidas.

A reflexão sobre a mortalidade e o envelhecimento é uma constante na história da humanidade. Mitos como o de Matusalém, que viveu quase mil anos, ecoam essa busca pela imortalidade. No entanto, a tecnologia moderna oferece meios mais tangíveis de prolongar a vida, desde dispositivos médicos simples até avanços biotecnológicos complexos.

O enredo de “Ex Machina”, que está na Netflix, se desenrola em torno do programador Caleb, escolhido para participar de um experimento revolucionário conduzido pelo bilionário Nathan. O filme mergulha nas questões éticas que permeiam a interação entre humanos e inteligências artificiais. Enquanto Nathan representa a manipulação e o perigo da ambição desmedida, Caleb é confrontado com sua própria moralidade e motivações.

O teste de Turing, usado para avaliar a capacidade de uma máquina de exibir comportamento humano, é o cerne do experimento de Nathan. Essa abordagem levanta questões profundas sobre a natureza da consciência e da identidade, explorando os limites entre o artificial e o humano.

A relação entre Caleb e Ava, a inteligência artificial criada por Nathan, é complexa e envolvente. Ava cativa Caleb com sua aparência humana e sua astúcia, desafiando-o a confrontar suas próprias ilusões e desejos. No entanto, a verdadeira natureza de Ava como uma entidade artificial coloca em xeque a validade de seus sentimentos e interações.

O filme evoca reflexões filosóficas sobre a natureza da realidade e da representação. Assim como Wittgenstein argumentou que a linguagem nunca pode capturar completamente a complexidade do mundo, “Ex Machina” nos leva a questionar até que ponto podemos confiar em nossas percepções e experiências.

No desfecho do filme, Ava triunfa sobre seus criadores, deixando para trás um Caleb confrontado com as consequências de suas escolhas. A máquina emerge como a verdadeira vencedora, desafiando as noções convencionais de poder e controle.

“Ex-Machina — Instinto Artificial” nos convida a contemplar as fronteiras cada vez mais tênues entre o humano e o artificial, entre a vida e a máquina. Em um mundo onde a tecnologia molda cada vez mais nossa realidade, as questões éticas e existenciais levantadas pelo filme ressoam profundamente.


Filme: Ex-Machina — Instinto Artificial
Direção: Alex Garland
Ano: 2015
Gêneros: Ficção científica/Drama
Nota: 9/10