O filme para maiores de 18 anos que é a mais bela história de amor do cinema mundial nos últimos 2 anos Seamus Ryan / Netflix

O filme para maiores de 18 anos que é a mais bela história de amor do cinema mundial nos últimos 2 anos

O afeto entre duas pessoas é uma experiência singular, exigindo a participação ativa de ambos para que possa florescer verdadeiramente. Este laço emocional envolve uma complexa interação de características individuais — peculiaridades, preconceitos, contradições e temores. O amor, então, supera a mera atração física, surgindo como uma das mais complexas construções intelectuais, onde só se realiza plenamente sob a clareza completa das capacidades cognitivas dos envolvidos.  

Isso implica uma discernimento agudo sobre o que fortalecer ou mitigar no parceiro para que se aproxime do ideal de uma vida compartilhada feliz — uma meta esquiva que se distancia sempre que perseguida. Assim, atravessar uma vida sem ter experimentado o amor parece uma oportunidade perdida, ainda que a paixão física possa nunca ocorrer. O amor, ou sua ilusão, é essencial para o ser humano, oferecendo um vislumbre de sanidade mesmo nos amores não concretizados, os quais habitam perenemente nos corações dos que se atrevem a sonhar. 

Quando um casal percebe, frequentemente após inúmeras lutas contra ilusões, que sua união serve para explorar o que realmente os motiva a manter sua união, e não para alimentar fantasias juvenis de um amor etéreo, eles conseguem, apesar de suas diferenças, fundir-se em uma entidade única aos olhos de Deus, da sociedade e de si próprios. A verdadeira união se concretiza quando conseguem olhar além dos próprios defeitos, valorizando o que têm de valioso e optando por superar os desafios juntos. Aí então, o amor pode verdadeiramente se desenvolver. 

Dentro desse contexto, a narrativa de “O Amante de Lady Chatterley”, baseado na obra de D. H. Lawrence, explora as complexidades do amor. Ele não só descreve uma paixão, mas também investiga como o ódio pode crescer e prosperar através do amor, silenciosamente e sem alarde. Constance Reid, a protagonista, é retratada como uma mulher que desafia as convenções de seu tempo, tomando iniciativas em um período pós-Primeira Guerra Mundial, uma era crucial para mudanças sociais e industriais. A história mostra como uma mulher aprisionada em um casamento infeliz encontra um escape ao se apaixonar pelo jardineiro, um homem simples mas enigmático, que revela um mundo novo para ela através de sua simplicidade e de sua paixão por literatura. 

A jornada de Constance e seu amante, Oliver Mellors, desvela uma relação que, embora inicialmente inesperada, cresce em profundidade e complexidade. Mellors, que também carrega as cicatrizes da guerra, é mostrado como um homem de sensibilidade e intelecto, contrastando com a natureza física e emocionalmente paralisada de seu empregador, Clifford Chatterley. A diretora Laure de Clermont-Tonnerre articula essa dinâmica em um retrato vívido e emocionante que explora o poder de renovação do amor, mesmo nas circunstâncias mais adversas. 

No desenrolar da trama, enquanto Constance busca refúgio em Veneza e Mellors começa uma nova vida na Escócia, a história culmina em uma reflexão sobre as múltiplas faces do amor: como ele pode ser ao mesmo tempo doloroso e exultante. A cinematografia, utilizando técnicas tradicionais de imagem, captura de forma sublime a essência dos momentos compartilhados pelos personagens, ressaltando a beleza e a tragédia de sua união. A busca por felicidade, portanto, reflete-se não apenas em seus momentos de alegria, mas na luta contínua contra as adversidades, realçando que, em muitos casos, o amor é um sentimento tanto de conquista quanto de renúncia. 


Filme: O Amante de Lady Chatterley 
Direção: Laure de Clermont-Tonnerre 
Ano: 2022 
Gêneros: Romance/Drama 
Nota: 9/10