Papel rejeitado por Molly Ringwald e que consagrou Julia Roberts está na Netflix Divulgação / Touchstone Pictures

Papel rejeitado por Molly Ringwald e que consagrou Julia Roberts está na Netflix

O clássico “Uma Linda Mulher”, dirigido por Garry Marshall em 1990, continua a ser um farol no vasto oceano das comédias românticas, apesar de enfrentar críticas e questionamentos ao longo dos anos. A trama nos apresenta Vivian Ward, uma prostituta com um coração de ouro, cuja jornada entrelaça-se com a do magnata rico e enigmático Edward Lewis. Julia Roberts empresta seu carisma à personagem de Vivian, enquanto Richard Gere oferece uma interpretação sólida e controlada como Edward. A mistura peculiar de realismo e fantasia confere ao filme uma aura atemporal que continua a encantar o público.

A performance de Roberts é inegavelmente cativante, fundindo uma delicada vulnerabilidade com uma determinação feroz. Sua química com Gere é evidente, elevando a narrativa além das limitações do roteiro. Gere, por sua vez, traz uma presença firme à tela, contribuindo com um contraponto essencial ao dinamismo do casal protagonista.

O roteiro habilmente elaborado por J.F. Lawton navega entre momentos de humor leve e reflexões românticas, mantendo um equilíbrio delicado entre o riso e o suspiro. Embora siga a cartilha das comédias românticas, o filme consegue evitar os clichês mais óbvios. No entanto, sua abordagem superficial de questões como prostituição e disparidades sociais deixa a desejar em termos de profundidade e complexidade.

No aspecto visual, “Uma Linda Mulher” é um reflexo fiel de sua época, capturando a estética vibrante e extravagante dos anos 90 com um toque de nostalgia. O figurino, em particular o lendário vestido vermelho de Vivian, tornou-se um ícone por si só, destacando a habilidade do design em criar imagens que resistem ao teste do tempo na cultura popular.

A trilha sonora, com destaque para a emblemática canção “Pretty Woman” de Roy Orbison, desempenha um papel crucial na amplificação da atmosfera romântica do filme. Sua presença ao longo da narrativa transforma-se em um elemento essencial da identidade do filme, demonstrando o poder da música em complementar e enriquecer a experiência cinematográfica.

Entretanto, é imperativo reconhecer que “Uma Linda Mulher” reflete os valores e normas sociais de sua época, o que pode gerar desconforto ou críticas à luz das sensibilidades contemporâneas. O filme tende a romantizar certos aspectos da vida de Vivian de uma maneira que pode parecer superficial ou até mesmo desrespeitosa.

“Uma Linda Mulher”, na Netflix, é, sem dúvida, um filme digno de apreciação tanto pelo seu valor como entretenimento quanto pela sua contribuição ao cânone das comédias românticas. No entanto, é crucial abordar suas falhas e limitações, assim como contextualizá-lo dentro do panorama cultural e social em que foi concebido. Apesar de suas imperfeições, o filme oferece uma visão fascinante dos padrões culturais de sua época e permanece como um marco indelével na história do cinema.


Filme: Uma Linda Mulher
Direção: Garry Marshall
Ano: 1990
Gêneros: Romance/Comédia
Nota: 8/10