Ganhador de 14 prêmios, filme que esgotou as bilheterias em 5 países está na Netflix Divulgação / Black Hole Enterprises

Ganhador de 14 prêmios, filme que esgotou as bilheterias em 5 países está na Netflix

Quando se é jovem, possui-se coragem suficiente para ser idealista, desafiar o status quo e lutar pela liberdade, mesmo quando tal batalha implica em sacrificar a própria vida ou a de entes queridos. No emocionante drama humanizado “Simón”, de Diego Vicentini, acompanhamos a jornada de Simón (Christian McGaffney), um jovem estudante venezuelano idealista que se opõe ao regime ditatorial de seu país, organizando um grupo dissidente na universidade. Este grupo se envolve ativamente em protestos de rua durante o ano de 2017 contra o regime, mas após uma denúncia, alguns de seus membros, incluindo Simón, são presos.

Quando somos apresentados ao protagonista, ele está em Miami, contando com a ajuda de Meli (Jana Nawartschi), uma estudante de direito, para solicitar asilo nos Estados Unidos. Enquanto Simón compartilha sua história com Meli, somos transportados por meio de flashbacks para suas memórias e traumas enquanto esteve na prisão. Assim como em muitos regimes ditatoriais, os prisioneiros são submetidos a torturas, humilhações e violência física e psicológica. São forçados a testemunhar o sofrimento dos outros, sabendo que eles próprios podem ser os próximos.

O propósito dessas torturas rotineiras, graduais e insidiosas é quebrar o espírito desses jovens, de modo que jamais possuam a força para se reerguer. São tratados como animais, sendo levados ao ponto de nunca mais se sentirem seguros ou confiantes o suficiente para viverem uma vida normal.

Nas cenas em que Simón relembra seu tempo na prisão, somos expostos aos seus traumas, dores e culpas. Simón idealizou o grupo de oposição na faculdade, mas na prisão, testemunha a morte de um companheiro, cuja imagem continua a assombrá-lo. Em Miami, ele tem a oportunidade de recomeçar sua juventude, como se o passado na Venezuela fosse apenas uma névoa distante prestes a se dissipar. Contudo, as memórias continuam a retornar, atormentando-o.

Meli, também idealista, arrisca-se em diversas situações para ajudar Simón. Nele, encontra uma verdadeira amiga e um romance quase floresce, mas até mesmo isso se torna político quando Simón reflete sobre as milhares de vidas que sofrem em seu país, enquanto ele se dá o direito de um recomeço. À medida que eles se aproximam e Simón se aproxima de uma nova vida fora de seu país, cresce também a culpa por deixar sua nação para trás, ainda presa a políticas opressivas, hiperinflação, escassez de alimentos e remédios, e repressão política. Ele sente-se como um impostor.

Baseado no curta-metragem homônimo produzido em 2018, Diego Vicentini também se inspirou no líder revolucionário anticolonialista venezuelano Simón Bolívar para criar o personagem. Ao mesmo tempo, refletiu sobre o êxodo venezuelano, o maior da América Latina, que, segundo dados das Nações Unidas até meados de 2023, contava com aproximadamente 5,5 milhões de refugiados do país buscando proteção internacional.

“Simón”, na Netflix, recebeu 14 indicações a prêmios em todo o mundo, incluindo o Goya. Alcançou uma taxa de aprovação de 100% da crítica no Rotten Tomatoes e lotou os cinemas em Madrid, Buenos Aires, Santiago do Chile e Nova York.


Filme: Simón
Direção: Diego Vicentini
Ano: 2023
Gênero: Drama
Nota: 10