Baseado em best-seller, filme europeu assistido por mais de 4 milhões de pessoas está na Netflix Divulgação / Netflix

Baseado em best-seller, filme europeu assistido por mais de 4 milhões de pessoas está na Netflix

O lançamento recente na Netflix de “O Fabricante de Lágrimas” traz consigo claras influências da saga “Crepúsculo”. Adaptado do popular best-seller da escritora italiana Erin Doom, conhecida pelo pseudônimo, este romance teen rapidamente conquistou o público jovem, tornando-se um sucesso global. A história, que anteriormente dominava o Wattpad, ganhou notoriedade ao ocupar o lugar de destaque no ranking de vendas italiano, rivalizando com grandes nomes como Elena Ferrante.

O apelo desse enredo entre os adolescentes não é difícil de entender. Sua atmosfera gótica e melancólica parece ressoar especialmente nos corações dos jovens que buscam se sentir rebeldes e incompreendidos. No entanto, é irônico notar que o filme compartilha muitos dos elementos que tornaram “Crepúsculo” um fenômeno comercial, mas também um alvo de críticas intelectuais. Galãs pálidos e enigmáticos, heroínas belas porém comuns, uma atmosfera emotiva e diálogos constrangedores são apenas algumas das similaridades entre as duas obras.

Sob a direção de Alessandro Genovesi, o filme rapidamente conquistou o topo do ranking global da Netflix, alimentado também pelo culto ao livro na comunidade #BookTok do TikTok.

A trama segue a história de Nica, uma jovem órfã que, após perder os pais em um trágico acidente de carro, é acolhida pelo sombrio orfanato Grave, sob os cuidados de Margaret, uma figura austera e assustadora. Nica se vê envolvida em um relacionamento complexo com Rigel, um talentoso pianista e favorito de Margaret. O crescimento de ambos e os segredos do passado que os cercam são explorados à medida que o filme se desenrola.

No entanto, apesar de tentar reproduzir o sucesso dos produtos hollywoodianos, “O Fabricante de Lágrimas” tropeça em seus diálogos exagerados e em uma estética gótica superficial. A falta de identidade própria deixa o espectador desconectado, incapaz de se envolver verdadeiramente com a narrativa. Além disso, a ausência de química entre os protagonistas compromete a credibilidade do romance, tornando-o forçado e pouco convincente.

Em meio a essa tentativa de emular o estilo e o apelo de sucessos anteriores, o filme parece perder sua originalidade e autenticidade. A estética gótica, apesar de visualmente marcante, muitas vezes parece apenas uma casca vazia, sem profundidade emocional ou narrativa.

No entanto, é importante reconhecer que o filme ainda tem seus pontos positivos. A atuação do elenco, especialmente de Caterina Ferioli e Simone Baldasseroni nos papéis principais, é sólida e convincente, mesmo quando o roteiro os deixa desamparados. A direção de arte também merece destaque, criando um ambiente sombrio e atmosférico que envolve o espectador na história.

“O Fabricante de Lágrimas”, na Netflix, é um filme que, apesar de suas falhas, pode encontrar seu público entre os fãs do gênero romance sobrenatural. No entanto, para aqueles que procuram uma narrativa mais profunda e original, pode deixar a desejar. Ainda assim, é um lembrete de que, mesmo nas sombras da indústria cinematográfica, há espaço para histórias cativantes e personagens memoráveis.


Filme: O Fabricante de Lágrimas
Direção: Alessandro Genovesi
Ano: 2024
Gênero: Drama/Fantasia/Romance
Nota: 7/10