O último papel que Barbra Streisand aceitou estrelar nos cinemas está na Netflix Divulgação / Paramount Pictures

O último papel que Barbra Streisand aceitou estrelar nos cinemas está na Netflix

Barbra Streisand é uma mulher e tanto. Multitalentosa, é conhecida por sua voz doce e macia como um veludo, e ainda sim, potente e avassaladora. Além do talento musical, ela é uma baita atriz. Ganhou dois Oscars. Um deles por melhor atriz, em “Funny Girl: A Garota Genial”, em 1969, e outro em 1977, por melhor canção original, no clássico “Nasce uma Estrela”. Além desses, ela disputou a estatueta dourada em outras três ocasiões.

Nossa geração não tem muita noção de quão especial essa personalidade do entretenimento é. Suas raras aparições nas últimas décadas resumiram-se a um único papel, na franquia de comédia “Entrando numa Fria”. Sua última personagem foi como Joyce Brewster, em “Minha Mãe é uma Viagem”, que estrelou ao lado de Seth Rogen, que considero um dos melhores comediantes das últimas duas décadas, e que interpreta o filho dela, o cientista químico e inventor, Andrew.

Enquanto ele pula de escritório em escritório de grandes multinacionais apresentando o produto no qual trabalhou ao longo dos três últimos anos, um desinfetante ecologicamente correto e comestível, que impede acidentes domésticos com crianças e animais, Andrew recebe infinitas mensagens na caixa postal de seu telefone, enviadas pela mãe, Joyce.

Ela é o estereótipo mais comum de mãe possível. Orgulhosa, intrometida e superprotetora, ela logo quer exibí-lo para seu grupo de amigas quando ele chega para passar alguns dias em sua casa. A visita, no entanto, vem com surpresas inesperadas. Durante uma conversa na mesa de jantar, Joyce revela que teve um grande amor na juventude, antes do pai de Andrew. Para a surpresa do filho, ela lhe deu o nome em homenagem a este grande amor.

Intrigado que a mãe tinha um passado desconhecido, Andrew decide procurar por este homem que marcou a vida da mulher mais importante de sua vida. Embora a relação de Joyce com o filho seja um tanto sufocante, Andrew decide convidá-la para viajar com ele a trabalho. Ele pretende atravessar o país, mais de 5 mil quilômetros percorridos de carro, para mostrar seu produto de limpeza para algumas grandes empresas. 

O intuito de Andrew, na verdade, não é passar mais tempo com sua mãe, mas ajudá-la a reencontrar o amor de sua juventude. Ela, no entanto, não sabe disso, e acredita que o convite do filho é uma tentativa de aproximação. Ao longo de sua jornada de carro, Joyce também descobre segredos dolorosos do passado de Andrew. Os dois discutem com uma certa frequência, mas também encontram em suas histórias sentimentos e emoções que estreitam seus vínculos e os fazem compreender as dores e frustrações um do outro. Nessa caminhada juntos, Andrew aprende também que precisa tornar seu produto mais acessível ao público, e isso significa vendê-lo de forma mais simples, sem tantas explicações científicas.

“Minha Mãe é uma Viagem”, na Netflix, mostra algo que sabemos, mas que muitas vezes esquecemos: nossos pais também possuem um passado, uma história. Eles não foram sempre pais. Também foram jovens, apaixonados, aventureiros e sonhadores. É preciso compreender seus traços de humanidade para verdadeiramente amá-los sem julgamentos. Já dizia Renato Russo: “São crianças como você”.


Filme: Minha Mãe é uma Viagem
Direção: Anne Fletcher
Ano: 2012
Gênero: Comédia/Drama
Nota: 8/10