Com roteiro de Etan Cohen, terceiro filme da franquia mais famosa do cinema está na Netflix Divulgação / Sony Pictures

Com roteiro de Etan Cohen, terceiro filme da franquia mais famosa do cinema está na Netflix

Talvez a razão do sucesso de “Homens de Preto” seja o longo intervalo a que Barry Sonnenfeld obedece de um para outro filme. Responsável por consolidar a marca, Sonnenfeld fica de fora apenas do quarto e último desdobramento da história dos dois agentes que se dedicam a combater ameaças extraterrestres cada vez mais diluídas na Terra — “MIB: Homens de Preto Internacional” (2019) ganhou vida pelas mãos de F. Gary Gray —, mas “Homens de Preto 3” conserva o espírito anárquico que marcou o longa de 27 anos atrás, de quem todos temos alguma lembrança.

Aqui, o roteiro de Etan Cohen (um quase homônimo perfeito do diretor de “Onde os Fracos Não Têm Vez” [2007]) e Lowell Cunningham falam de uma possível viagem no tempo, visada pelo antagonista da ocasião para dar cabo de um dos heróis, o mais rabugento e o mais sensato.

O Agente K e o Agente J toleram a supervisão da Agente O quando têm de responder a uma emergência intergaláctica. Boris, o Animal (ou apenas Boris, como ele prefere), conseguiu fugir de uma prisão de segurança máxima na lua. Boris é o último remanescente de uma raça de criaturas monstruosas e dotadas de um recurso tão singelo quanto avançados de extermínio em massa, e se recorda direitinho de seu último encontro com o Agente K, momento em que levou a pior e ficou sem um dos braços. Nesse prólogo conciso, Sonnenfeld aproveita para refrescar a memória da audiência quanto a aspectos práticos da narrativa. K, de Tommy Lee Jones, continua emburrado como sempre, maldisfarçando o afeto por J, o Magrelo, seu parceiro de arcaicíssimas batalhas, com Will Smith tomando a rédea da comicidade ao longo dos 105 minutos.

Emma Thompson ganha merecido destaque na pele de O — embora não renda tudo quanto poderia, sensação que facilmente corroborada na transição do segundo para o terceiro ato. Esta é mesmo uma história pensada para abrigar tipos exóticos os mais variados, e também por essa razão Jemaine Clement aparece tanto.

O diretor explica o plano de Boris — não por acaso o mote central do enredo — lançando mão de uma computação gráfica pouco artificiosa e da competente fotografia de Bill Pope, hábil em dar mesmo a impressão de estarmos sendo tragados para dentro de um buraco negro em alguma esquina recôndita do universo. A tal viagem contra-cronológica de J para evitar que o perecimento de K pelas mãos repulsivas de Boris emociona, como se não o quisesse, o que termina por se converter na surpresa verdadeiramente original de uma ficção científica sem medo de soar piegas. E autenticidade nunca será defeito.


Filme: Homens de Preto 3
Direção: Barry Sonnenfeld
Ano: 2012
Gêneros: Ação/Ficção científica
Nota: 8/10