Digno de Oscar, épico grandioso com Christian Bale, na Netflix, vai prender seus olhos até o último segundo Divulgação / Twentieth Century Fox

Digno de Oscar, épico grandioso com Christian Bale, na Netflix, vai prender seus olhos até o último segundo

Ridley Scott é um cineasta experiente e com muitos acertos, mas, sem dúvidas, com muitos erros também. Com 57 direções no currículo, ele coleciona títulos como “Alien – O Oitavo Passageiro”, “Blade Runner”, “Thelma & Louise”, “Hannibal”, “Gladiador”, “Perdido em Marte”, dentre outras obras-primas. Apesar disso, filmes não tão aclamados como “Êxodo: Deuses e Reis” tinham tudo para ser um enorme sucesso e não foram tão bem assim.

Com um orçamento estimado em 150 milhões de dólares, “Êxodo” exibe um elenco estelar, com Christian Bale, John Turturro, Sigourney Weaver, Joel Edgerton, Ben Kingsley e Aaron Paul. O longa-metragem se trata de mais uma releitura da épica história de Moisés, as sete pragas do Egito e a travessia no meio do Mar Vermelho. Embora seja uma superprodução, as decisões culminaram em uma execução quase tão falha quanto a de Darren Aronofsky em “Noé”.

Christian Bale, claro, sempre muito brilhante e dedicado aos seus papeis, oferece uma atuação forte e convincente. Mas é preciso dizer que, embora o roteiro não impressione tanto assim, a fotografia e a estética geral do filme é realmente deslumbrante. Dariusz Wolski cria contrastes entre luzes e sombras, proporcionando um tom mais sombrio à trama. Os enquadramentos e ângulos de Wolski valorizam a ambientação e figurinos ultrarrealistas. Com uma paleta quente quando as cenas são durante o dia no deserto e frias à noite, quando as pragas chegam aos egípcios, as cores são essenciais para trazer o espectador para dentro da história. Mas Ridley Scott não quis transformar seu filme em uma fábula bíblica. Ele quis dar explicações lógicas para as pragas e, até mesmo, para o Mar Vermelho, que se abriu graças a um tsunami. Uma série de coincidências que favoreceu Moisés e os judeus que deixaram suas vidas de escravos para peregrinar em busca da terra prometida.

O cenário grandioso e impactante realmente causa uma forte impressão no público com suas recriações extremamente reais. Além de tudo, há um enorme investimento em efeitos especiais extravagantes, cenas de batalhas épicas e escolhas estéticas que realmente contribuem para a qualidade do filme. Apesar de todos os pontos positivos, “Êxodo: Deuses e Reis” parece meio dissociado do estilo de trabalho de Ridley Scott e extremamente genérico, como mais um título de coleção da Marvel.

Uma superprodução que diverte e impressiona pela grandeza visual, o drama bíblico de Scott parece feito meramente para lotar as salas de cinema. Para o pesadelo da Fox, não conseguiu, arrecadando pouco menos do dobro dos custos de produção. O longa-metragem também provocou polêmicas ao usar uma maioria de atores e atrizes principais branca para interpretar judeus e egípcios. Enquanto isso, grande parte dos figurantes eram negros. O fato motivou críticas e reflexões sobre o racismo em Hollywood.


Filme: Êxodo: Deuses e Reis
Direção: Ridley Scott
Ano: 2014
Gênero: Drama/Ação/Aventura
Nota: 8/10