A melhor comédia romântica da Netflix e você provavelmente não assistiu

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 “Como Seria Se…?”, dirigido pela queniana Wanuri Kahiu, a narrativa se desenrola de maneira perspicaz e inovadora, examinando a vida de Natalie, uma aspirante a ilustradora, interpretada com equilíbrio entre delicadeza e determinação por Lili Reinhart. O filme se destaca por sua abordagem de realidades paralelas, uma técnica narrativa que desafia a linearidade convencional e engaja o espectador em uma jornada de “e se”, explorando as diversas facetas da vida da protagonista.

Nesta obra cinematográfica, Kahiu exibe uma habilidade notável em tecer histórias que se entrelaçam com as complexidades humanas. O roteiro de April Prosser, enriquecido com nuances sutis, propõe um exame profundo das escolhas de Natalie, suas consequências e os caminhos alternativos que sua vida poderia tomar. A partir de um momento crucial — uma festa de formatura onde Natalie se encontra dividida entre duas possibilidades de vida — o filme se desdobra em duas narrativas paralelas.

Em uma realidade, Natalie opta pela maternidade solo, enfrentando desafios em um ambiente familiar repressivo, marcado por atuações convincentes de Luke Wilson e Andrea Savage como seus pais. Por outro lado, ela segue para Los Angeles, onde enfrenta um novo conjunto de desafios no competitivo mundo do entretenimento. Esta dualidade de experiências é capturada com uma cinematografia que oscila entre o calor da vida familiar e o brilho impessoal de Hollywood.

O filme não se limita a um mero estudo de personagem; ele se aprofunda na crítica social e na representação do ambiente de trabalho em Hollywood. A personagem de Nia Long, uma diretora de cinema antes idolatrada e agora chefe tirânica, ilustra as adversidades enfrentadas por Natalie em sua jornada profissional. Este aspecto do filme ressoa com a realidade de muitos aspirantes a artistas, retratando tanto os sonhos quanto as desilusões da indústria.

“Como Seria Se…?” conclui com uma junção das duas linhas narrativas, consolidando as experiências de Natalie em uma única realidade, onde ela alcança sucesso profissional e pessoal. A decisão de Kahiu de fundir as duas histórias em um final feliz pode ser vista como uma maneira de enfatizar que, independentemente das escolhas feitas, há sempre um caminho para a realização e o amor. Este desfecho pode parecer um pouco simplista para uma trama tão complexa, mas oferece um fechamento otimista e satisfatório para a jornada de Natalie.

O filme também presta homenagem a ícones culturais, como o aclamado “A Viagem de Chihiro” de Hayao Miyazaki, enriquecendo a narrativa com referências que ressoam com o público. Esta inclusão não é apenas um aceno para a influência do anime e da animação na cultura pop, mas também serve como um paralelo às jornadas de autodescoberta e transformação de Natalie.

 “Como Seria Se…?” é uma reflexão cinematográfica cativante sobre as escolhas e caminhos que moldam nossa existência. Kahiu e Prosser criam uma narrativa que é ao mesmo tempo uma exploração do individual e um comentário sobre questões sociais mais amplas. Este filme é um testemunho da capacidade do cinema de nos fazer ponderar sobre os “e se” da vida, ao mesmo tempo em que nos entretém com uma história bem contada e performances memoráveis.


Filme: Como Seria Se…?
Direção: Wanuri Kahiu
Ano: 2022
Gêneros: Comédia/Drama/Romance
Nota: 9/10