Desligue o cérebro por 91 minutos: último filme da franquia sobre a guerra entre vampiros e lobisomens chega à Netflix Divulgação / Sony Pictures

Desligue o cérebro por 91 minutos: último filme da franquia sobre a guerra entre vampiros e lobisomens chega à Netflix

“Anjos da Noite: Guerras de Sangue” prossegue com a crônica de uma contenda milenar sem se aventurar para além dos limites já explorados nos capítulos anteriores. Anna Foerster, assumindo a direção, preserva a essência da franquia, abordando a clássica rivalidade entre vampiros e lobisomens com um respeito reverente pelas raízes do universo que os fãs admiram desde 2003.

Nessa quinta incursão, Kate Beckinsale retoma o papel de Selene, uma guerreira vampira que agora encontra as suas batalhas não apenas no campo aberto da guerra, mas também no domínio privado da maternidade. A relação entre Selene e sua filha promete adicionar uma nova camada à narrativa, mas o roteiro de Cory Goodman hesita em mergulhar nessas águas potencialmente ricas em drama. As sequências de ação continuam a ser o coração pulsante do filme, embora às vezes pareçam mais uma ponte entre cenas do que a expressão de uma história mais profunda.

No quesito estético, o filme não decepciona. As sequências de combate são orquestradas com uma elegância brutal que é tanto uma homenagem quanto uma expectativa no gênero de fantasia de ação. O design de produção reacende a atmosfera gótica, um aceno aos adeptos do estilo sombrio que define a série. A indumentária de Selene é, como sempre, impecável — um elemento de continuidade que serve tanto ao personagem quanto ao público.

Beckinsale domina a cena com uma habilidade que faz jus à guerreira que interpreta, mas o mesmo não pode ser dito de todo o elenco. Apesar dos esforços, figuras como Theo James, no papel de David, não conseguem emergir das profundezas da narrativa para deixar sua própria impressão.

Os críticos apontam para uma trajetória conhecida, com um desenvolvimento de personagens que não ultrapassa a superfície e uma trama que se recicla mais do que se renova. Ainda que esteticamente alinhado com a série, “Guerras de Sangue” parece estagnar onde poderia evoluir.

A direção de Foerster é competente, mas não ambiciosa; é uma execução que ressoa com os acordes da franquia, mas não arrisca compor uma nova melodia. A chance de explorar novas perspectivas e rejuvenescer a mitologia da saga é uma nota ausente neste concerto de antigos temas.

No final das contas, “Anjos da Noite: Guerras de Sangue” serve como um conforto familiar para aqueles dedicados à saga, oferecendo ação e uma estética que honram o legado, mas sem alcançar além para atrair novos adeptos ou deixar uma marca inesquecível no panorama atual do cinema de ação e fantasia. A franquia, por enquanto, parece satisfeita em dançar com os fantasmas de seu próprio sucesso, sem convidar o futuro para o baile.


Filme: Anjos da Noite: Guerras de Sangue
Direção: Anna Foerster
Ano: 2016
Gêneros: Terror/Mistério
Nota: 7/10