Na Netflix: proibida para menores, uma das histórias de amor mais arrebatadoras de todos os tempos Parisa Taghizadeh / Netflix

Na Netflix: proibida para menores, uma das histórias de amor mais arrebatadoras de todos os tempos

Cada narrativa amorosa pinta-se com matizes únicos, aromatiza-se com fragrâncias inconfundíveis e é sentida através de texturas que só aqueles que se entregam ao amor podem realmente compreender. Trata-se de um universo onde pedaços da alma se entrelaçam, dissolvem e reformam, criando algo totalmente novo. Nesse contexto, emerge “O Amante de Lady Chatterley”, um romance que, ao longo dos anos, tem desafiado os limites sociais e instigado uma visão crítica sobre o desejo humano. O livro, eternizado nas páginas da literatura mundial, ressurge em uma adaptação cinematográfica sob o olhar sensível e provocante de Laure de Clermont-Tornnerre.

Deixando de lado a controvérsia que marcou a obra original de D.H. Lawrence, o filme desenrola-se não apenas como uma exploração de paixões proibidas, mas como um microcosmo de emoções e conexões humanas. Existe um magnetismo inegável que flui pela tela, uma corrente elétrica que conecta o público a cada troca de olhares, a cada toque, em um fluxo constante que reflete a universalidade do desejo e da perda. A história, em sua essência, serve como um lembrete de que o amor, em todas as suas formas, é tanto uma jornada quanto um destino.

A profundidade do relacionamento entre Lady Chatterley e Oliver Mellors transcende a simples narrativa erótica. Clermont-Tornnerre, com maestria, entrelaça um cenário onde a paixão converge com a vulnerabilidade, explorando a complexidade das feridas internas e da redenção por meio do amor. A química entre os personagens é palpável, quase um terceiro personagem silencioso que participa de cada cena, cada segredo confidenciado. É um testemunho da habilidade dos atores e da direção visionária que a história de um amor condenado seja narrada de forma tão crua e, ainda assim, tão repleta de ternura.

No cerne desta história está a luta incessante entre obrigação e desejo, o público e o privado. Lady Chatterley, presa em um casamento estéril e sob a responsabilidade opressiva de cuidar de um marido debilitado, encontra em Mellors não apenas um amante, mas um portal para uma existência onde ela pode respirar, sentir e reivindicar sua identidade perdida. Esse amor, embora libertador, traz consigo as correntes do escrutínio social e das consequências devastadoras para aqueles que ousam desafiar as normas.

A cinematografia do filme merece aplausos por si só. A paleta de cores, os cenários que parecem vivos e o interplay de luz e sombra são mais do que meros elementos visuais; são o pano de fundo poético refletindo o tumulto interno dos personagens. Cada cena é um lembrete sutil de que o amor pode ser encontrado nos lugares mais obscuros, e a beleza, mesmo nas circunstâncias mais trágicas.

“O Amante de Lady Chatterley” não é apenas um filme; é uma experiência que questiona, arrebata e permanece conosco. É uma história contada com sinceridade e coragem, uma celebração da imperfeição humana e da beleza presente na vulnerabilidade. Ao deixar o cinema, os espectadores levam consigo mais do que imagens e diálogos; levam um pedaço da alma imortalizada no filme, um eco das emoções vividas pelos personagens e uma reflexão sobre a própria jornada pessoal através do labirinto do amor.


Filme: O Amante de Lady Chatterley
Direção: Laure de Clermont-Tornnerre
Ano: 2022
Gênero: Romance
Nota: 10/10