O “John Wick” dos faroestes, com Ethan Hawke e John Travolta, está na Netflix Divulgação / Blumhouse Productions

O “John Wick” dos faroestes, com Ethan Hawke e John Travolta, está na Netflix

Ti West é um cineasta conhecido por seus trabalhos em diversas séries e filmes de suspense. Um deles, “Pearl”, lançado em 2022, é estrelado por Mia Goth. Mas não tão distante do gênero, West realizou, em 2016, um faroeste cheio de tensão com Ethan Hawke, John Travolta e Taissa Farmiga, chamado “Terra Violenta”. Com várias referências aos clássicos do gênero, como canções inspiradas na trilogia composta por “Por Um Punhado de Dólares” (1964), “Por uns Dólares a Mais” (1965) e “Três Homens em Conflito” (1966), além de um enredo que se assemelha ao de “O Estranho sem Nome”, o filme incorpora elementos visuais clássicos do faroeste e mata a saudade do público desse tipo de cinema, apesar da abordagem autêntica do enredo.

West traz sua veia independente e ultraviolência para este western que gira em torno de um anti-herói que carrega consigo, por onde vai, rastros de terror e morte. Se fosse um filme de ação, “Terra Selvagem” seria “John Wick”. Paul (Ethan Hawke) é um veterano de guerra que já matou mais do que sua consciência consegue suportar. Itinerante e sem rumo, ele acaba em Denton, uma pequena cidade esquecida no oeste americano, apelidada de “terra violenta”, demonstrando a má fama que precede o lugar.

O começo é lento e é apenas a introdução de uma espiral de violência que está prestes a ser engatilhada. Paul, que é taciturno e lacônico, pede uma água em uma tigela para sua cadela em um pub, onde um playboy arrogante, chamado Gilly (James Ransone), intimida um caixeiro viajante que tenta lhe vender a “arma mais mortal do mundo”: uma pistola de tambor cromada. Depois de uma demonstração petulante à mesa com um grupo de pistoleiros, Gilly avista Paul no bar, que não lhe dá a devida atenção, deixando-o irritado. Gilly, claro, desafia Paul para um duelo. Sentindo que toda aquela situação é ridícula, Paul sai do pub e caminha em direção a Gilly, que o aguarda na via pública para o acerto de contas, e lhe desfere um soco que deixa Gilly desacordado.

Então, o xerife da cidade, interpretado por John Travolta, que por acaso é pai de Gilly, se encontra com Paul e pede para que ele deixe a cidade de uma vez por todas para que todos os problemas sejam sanados sem maiores confusões. Paul concorda e se retira de Denton acompanhado de sua cadela fiel, depois de conseguir um banho em uma hospedaria local, onde trabalha Mary-Anne (Taissa Farmiga), uma jovem falastrona que mais tarde se revela uma boa amiga para Paul.

Enquanto adormece no deserto, já fora dos limites de Denton, Paul e a cadela são cercados por Gilly e seu bando de valentões. Quando eles praticam um ato de vilania injustificado, Paul, que é tido como morto depois do ataque, sobrevive e decide voltar para a cidade para se vingar do grupo, especialmente Gilly.

Então, o que se segue é uma jornada implacável e furiosa para fazer justiça com as próprias mãos. Com duelos intensos e bem coreografados, o filme captura a essência dos faroestes clássicos, tratando de temas como redenção e o preço que se paga por atos violentos. Não há nenhuma cena de alívio cômico, sequer. “Terra Violenta”, na Netflix, é um filme sério e sombrio e Ethan Hawke consegue encarnar muito bem o ar amargurado e desesperançoso.


Filme: Terra Violenta
Direção: Ti West
Ano: 2016
Gênero: Ação/Faroeste
Nota: 9/10