Um dos filmes mais bonitos da história do cinema está na Netflix e vai tocar cada pedaço do seu coração Divulgação / Focus Features

Um dos filmes mais bonitos da história do cinema está na Netflix e vai tocar cada pedaço do seu coração

Desde o lançamento de “Cultura Prussiana” em 1908, um filme de Mojżesz Towbin sobre o levante dos estudantes em Września em 1901, a indústria do filme na Polônia tem oferecido ao mundo registros significativos que, apesar de sua natureza muda, sempre comunicam mensagens potentes. Este filme específico foi suprimido por ordens do czar Nicolau II da Rússia e permaneceu desaparecido até ser encontrado em um arquivo em Paris no ano 2000 pelos pesquisadores poloneses Małgorzata Hendrykowska e Marek Hendrykowski, um achado que enriqueceu significantemente o patrimônio artístico.

Por mais de cem anos, a Polônia consolidou-se como um centro vital de criação cinematográfica. Cineastas como Andrzej Wajda, Krzysztof Kieslowski e Roman Polanski de “O Pianista” têm em comum uma capacidade ímpar de explorar temas desafiadores e, por vezes, controversos em suas produções, frequentemente criticadas por transgredirem normas morais ou sociais.

“O Pianista”, especificamente, é um reflexo pungente de sete décadas de lembranças traumáticas e reflexões sobre uma vida que poderia ter sido drasticamente diferente, se não fosse pela fuga de Polanski do Holocausto. Ele sobreviveu ao escorregar por uma abertura numa cerca de arame farpado de Auschwitz, um entre os inúmeros campos de extermínio mantidos por Hitler durante a Segunda Guerra Mundial. A infância de Raymond Roman Thierry Liebling, que mais tarde adotaria o nome Rajmund Roman Thierry Polański, se desenrola em um cenário marcado por uma estética sombriamente poética nas suas produções cinematográficas.

O filme não apenas dramatiza eventos reais, mas também serve como uma espécie de reconciliação do diretor com seu passado, inspirando-se na autobiografia de Wladyslaw Szpilman, o pianista que desafiou o terror nazista. A trama se desenrola ao som de uma composição de Frédéric Chopin tocada por Szpilman em uma rádio de Varsóvia enquanto as bombas devastavam a cidade no início da guerra. Chopin, assim como Polanski, era um polonês que viveu grande parte de sua vida na França, e sua música se tornou um símbolo de resistência e esperança para Szpilman, um homem que enfrentou as atrocidades nazistas com uma firmeza impressionante.

Adrien Brody personifica Szpilman com uma perspicácia que transborda nas telas, interpretando um homem que, apesar de sua aparente arrogância, mantém-se resoluto e verdadeiro aos seus valores, mesmo diante dos horrores da ocupação alemã. A recusa de Szpilman em colaborar com os nazistas marca o início de uma luta contínua pela sobrevivência em Varsóvia, enfatizada pela relação inesperada que se desenvolve entre ele e o capitão Wilm Hosenfeld, interpretado por Thomas Kretschmann, que acaba por descobri-lo por acaso. A narrativa é intensificada pela atuação brilhante de Brody, destacando a tenacidade e a complexidade de seu personagem em um cenário marcado pelo conflito e pela adversidade.


Filme: O Pianista 
Direção: Roman Polanski
Ano: 2002
Gêneros: Guerra/Drama/Biografia 
Nota: 10