O filme adorável, na Netflix, que todas as pessoas deveriam assistir para recuperar o amor-próprio Divulgação / Gimme a Break

O filme adorável, na Netflix, que todas as pessoas deveriam assistir para recuperar o amor-próprio

“O Ano em que Comecei a Vibrar por Mim” é um filme sueco dirigido por Erika Wasserman, que também escreveu o roteiro em colaboração com Christin Magdu e Bahar Pars. No enredo, temos Hanna (Katia Winter), uma mulher que está prestes a completar 40 anos e que tem tudo que sempre quis: tem um bom cargo e bom salário na empresa onde trabalha, está casada e tem um filho lindo e saudável. Mas antes de se considerar realizada, ela deseja ter mais um bebê.

Mas, por trás de quase toda mulher bem-sucedida, há um homem ressentido, claro. Se Hanna é competente e dedicada ao trabalho, consequentemente não é a esposa ideal para Morten (Jesper Zuschlag), um marido carente, reclamão e ranzinza, que critica o tempo todo as escolhas de sua esposa, acredita que ela está tomando as rédeas do relacionamento e negligenciando sua família. Para agradá-lo, Hanna pede demissão de seu emprego, mas isso não o impede de botá-la para fora de casa.

Agora, sem emprego, sem casa e sem família, sua vida virou de cabeça para baixo. Perdida, ela não sabe o que fazer e toma algumas más decisões, como se embebedar em uma festa e levar um homem para a casa de uma amiga que concordou em abrigá-la por alguns dias. Ela e o desconhecido amanhecem nus no sofá da sala, enquanto o casal e as duas crianças da família observam, chocados, eles acordarem e se vestirem.

No meio da confusão que sua vida se tornou, ela tem uma única amiga, Louise (Disa Östrand), que lhe dá dicas de como se satisfazer sexualmente. Aos 40 anos, Hanna  perdeu tudo, mas pelo menos agora consegue ter um orgasmo de verdade. A descoberta dessa nova possibilidade desperta um senso de recomeço. Ela não mais deseja recuperar as coisas que tinha antes, mas  reconstruir sua vida de um jeito novo e diferente. Essa redescoberta de sua identidade a ajuda a aceitar o fim das coisas que se foram e os recomeços, que nem sempre são tão fáceis ou da forma como esperávamos.

“O Ano em que Comecei a Vibrar por Mim” tem um título ambíguo. Ao mesmo tempo que trata das aventuras picantes de Hanna em sua descoberta pela sexualidade aos 40, também é sobre uma mulher aprendendo a apreciar suas vitórias, sem sentir culpa e sem dar satisfações por seu sucesso. Também percebe que relacionamentos não precisam ser uma disputa de poder. Enquanto aborda temas tão modernos e realistas, o filme de Wasserman atenua o drama com um humor bem sutil e natural, que simplesmente flui da atuação de Winter, que demonstra seu timing perfeito para os alívios cômicos.

Wasserman também faz uma inversão de estereótipos ao colocar as mulheres como seres independentes, às vezes frios e até egocêntricos, enquanto os homens parecem ser mais vulneráveis, sensíveis e dependentes emocionais.  Essa troca joga com a mente do público, que julga uma mulher por atitudes que naturaliza em homens. Essa sacada do roteiro nos desafia a pensar fora da caixa e enxergar como as mulheres se limitam de sua liberdade, seus prazeres e realizações, enquanto aos homens tudo é permitido.

Um exercício mental antimachista e um entretenimento de alto nível, “O Ano em que Comecei a Vibrar por Mim” é um filme divertido e adorável.


Filme: O Ano em que Comecei a Vibrar por Mim
Direção: Erika Wasserman
Ano: 2022
Gênero: Comédia/Drama
Nota: 7/10

Fer Kalaoun

Fer Kalaoun é editora na Revista Bula e repórter especializada em jornalismo cultural, audiovisual e político desde 2014. Estudante de História no Instituto Federal de Goiás (IFG), traz uma perspectiva crítica e contextualizada aos seus textos. Já passou por grandes veículos de comunicação de Goiás, incluindo Rádio CBN, Jornal O Popular, Jornal Opção e Rádio Sagres, onde apresentou o quadro Cinemateca Sagres.