5 filmes filosóficos na Netflix com lições de vida para o final de semana Divulgação / Warner Bros

5 filmes filosóficos na Netflix com lições de vida para o final de semana

Quando perguntadas sobre que ideia fazem da vida, grande parte das pessoas irá responder algo como o surrado clichê que diz que a vida ensina — e a voz rouca das ruas quase nunca se engana. Fomos programados para reagir aos mais insólitos cenários de adversidade, a fim de que permaneçamos com algum cacife no jogo da vida, que cobra de nós a resolução desses problemas, no menor tempo possível, porque não demora e outras questões tão ou mais vultosas irão se impor. Nelson Rodrigues (1912-1980) foi um dos escritores mais geniais da história do Brasil. Observador arguto dos costumes — e da hipocrisia — de nosso povo, Nelson centrava fogo no que considerava de mais nocivo na natureza do homem — e do brasileiro, em particular: sua sanha por poder, por subjugar o semelhante, por se achar melhor que os outros, por querer se dar bem a qualquer custo, tomando por premissa a mediocridade e a baixeza da classe média. Na lendária compilação de história curtas “A Vida Como Ela É”, publicadas ao longo dos anos 1950 na coluna de mesmo nome do jornal carioca “Última Hora”, dirigido pelo russo Samuel Wainer (1910-1980), o pernambucano com o Rio no sangue se valia de narrativas plenas de acidez, que por muito pouco não resvalavam na pornografia mesmo, no intuito de expor as tantas misérias da vida — o que levava os leitores ao êxtase, justamente por se reconhecerem naqueles enredos. As colunas de Nelson eram um bálsamo ao falar coisas que até as pedras da rua sabiam, mas em que ninguém ousava sequer pensar. Bons tempos em que as pessoas tiravam ensinamento até da vulgaridade de uma folha de jornal, sobre a vida, mas também acerca da morte. Aliás, a indesejada das gente intriga a humanidade desde que o mundo é mundo. Lidar com a finitude nunca é tão simples, e quanto mais cheio de particularidades doloridas o cenário se apresenta, mais insustentável a morte se torna. Martha Weiss tem de encarar a perda inesperada da filha que acabou de nascer e logo percebe que as tantas complicações que a tragédia suscita podem ser igualmente perversas. A protagonista de “Pieces of a Woman” (2020), do diretor húngaro Kornél Mundruczó, literalmente incorporada pelo talento de Vanessa Kirby, come o pão que o diabo amassou, mas ninguém sabe se o digeriu. A senhora que fecha todas as portas se revela em toda a sua feiura numa guerra, arrasando tudo o que encontra pela frente, a começar pela verdade, até chegar à honra. É o que se vê em “Dunkirk” (2017), do britânico  Christopher Nolan, que narra a história dos mais de 300 mil soldados que lutavam contra Adolf Hitler (1889-1945) na costa francesa durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), mas são encurralados pelas tropas do facínora. “Pieces of a Woman”, “Dunkirk” e mais três títulos, lançados entre 2020 e 2015, todos no acervo da Netflix, deixam claro que a vida ensina mesmo. Só nos resta aprender.

Imagens: Divulgação / Reprodução Netflix