Suspense insano e perturbador da Netflix vai te prender desde a primeira cena até os créditos finais Divulgação / Netflix

Suspense insano e perturbador da Netflix vai te prender desde a primeira cena até os créditos finais

A ascensão de narrativas intrincadas e desafiadoras em filmes, como evidenciado em “Parasita” de 2019, dirigido pelo sul-coreano Bong Joon-ho, tem inspirado cineastas ao redor do mundo. Os irmãos espanhóis Àlex e David Pastor são exemplos disso, tendo incorporado elementos da obra de Bong em seu próprio filme, “A Casa”, de 2020. Este longa aborda temas como desemprego e a erosão dos padrões de vida, enfocando as pressões de manter uma fachada social e as complexidades das interações humanas, entregando uma análise ainda mais incisiva em certos aspectos.

Javier Muñoz, interpretado com notável habilidade por Javier Gutiérrez, é um publicitário talentoso que enfrenta uma queda abrupta em sua carreira e padrão de vida. Após perder seu emprego, Muñoz e sua família, composta por sua esposa Marga e seu filho Dani, são forçados a se mudar para um apartamento modesto em um bairro mais humilde. A despeito de seus esforços para adaptar-se à nova realidade, Muñoz é consumido pelo desejo irracional de manter laços com seu antigo estilo de vida, ideando planos para desalojar os novos moradores de seu antigo lar, movido por uma inveja irracional e perturbadora.

“A Casa” começa com um tom satírico, convidando o público a refletir sobre as exigências contemporâneas e os valores distorcidos da sociedade moderna. Muñoz, um gênio da publicidade agora desacreditado, luta para se alinhar às demandas atuais do mercado. Sua jornada é marcada por desafios profissionais, culminando em uma humilhante busca por emprego que destaca seu desespero e desvinculação das novas realidades do mercado publicitário.

A tensão psicológica crescente em Muñoz é habilmente explorada pelos irmãos Pastor, revelando a profundidade de sua psicopatia enquanto ele orquestra uma aproximação com Tomás, interpretado por Mario Casas, que frequenta o mesmo grupo de apoio a dependentes químicos. A relação se intensifica e Muñoz é convidado à casa de Tomás, onde coleta informações que serão cruciais para seus planos sinistros.

A narrativa culmina na transformação sinistra de Muñoz, à medida que ele toma o lugar de Tomás, enfrentando desafios e revelações que só reforçam sua natureza obsessiva e destrutiva. “A Casa” posiciona Javier Gutiérrez entre os grandes antagonistas do cinema, evocando figuras icônicas de psicopatas do cinema, sem tornar suas ações menos impactantes ou plausíveis.

Essa obra, assim como a de Bong Joon-ho, nos faz refletir sobre as sombras que habitam em sociedades aparentemente estáveis e como, às vezes, a ficção pode refletir verdades perturbadoras com uma clareza que apenas a arte do cinema consegue alcançar.


Filme: A Casa
Direção: Àlex e David Pastor
Ano: 2020
Gênero: Suspense/Terror
Nota: 9/10