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A educação sentimental de Bob Dylan Divulgação / Walt Disney Studios Motion Pictures

A educação sentimental de Bob Dylan

A Nova York que o filme retrata é, antes de tudo, um sistema vivo. Nos cafés apertados do bairro Greenwich Village, os músicos, críticos, produtores e espectadores formam uma rede densa, onde tudo — canções, opiniões, contratos, amizades — circula, se mistura e se transforma no começo dos anos 1960. O filme é particularmente sensível ao sistema da música folk. O que se vê na tela é uma verdadeira esfera pública em miniatura, na qual onde arte e vida estão profundamente entrelaçadas.

Pepe Mujica: Voz de uma América soberana, uruguaio deixa legado de defesa dos mais vulneráveis e enganos monumentais

Pepe Mujica: Voz de uma América soberana, uruguaio deixa legado de defesa dos mais vulneráveis e enganos monumentais

José Alberto “Pepe” Mujica Cordano (1935-2025) foi um sonhador antes de qualquer outra coisa. Morto ontem, Mujica tornou-se conhecido pela maneira algo romântica como via o expediente político — compreensão que, na verdade, deveria ser a regra. Nos anos 1960, movido pelos ventos da justiça social que balançavam o mundo, tornou-se um militante de esquerda e um dos membros mais ativos dos Tupamaros, grupo de guerrilha urbana que respondeu com saques de armazéns e roubos a bancos, cujo espólio distribuía entre os mais humildes. O sonho de um Uruguai menos injusto custou-lhe 4.300 dias no xadrez.

A cidade onde ninguém envelhece: o vilarejo europeu que virou estudo de caso por causa da música, da dieta e dos livros

A cidade onde ninguém envelhece: o vilarejo europeu que virou estudo de caso por causa da música, da dieta e dos livros

No sul da Itália, um vilarejo à beira-mar desafia o envelhecimento com receitas simples e quase esquecidas: ler em voz alta, cantar canções antigas, partilhar refeições, contar histórias — e ouvir. Em Acciaroli, a longevidade não vem só da dieta mediterrânea ou do clima ameno, mas do pertencimento. Idosos não são isolados, mas reverenciados. A biblioteca local guarda livros rabiscados por gerações; a praça ainda ecoa vozes de corais. Cientistas estudam os segredos do lugar, mas talvez a resposta esteja naquilo que a ciência não mede: a alegria de continuar sendo necessário. Mesmo aos cem anos. Mesmo em silêncio.

A má notícia é que há trombadinhas em Paris

A má notícia é que há trombadinhas em Paris

Má notícia para mim, que nunca tinha pisado na Europa. Não vou ficar me gabando por, finalmente, ter conhecido Paris. Sou fraco em vaidades. E tenho plena consciência de que isso, viajar para fora do país, é privilégio para poucos brasileiros, ainda mais num cenário econômico e cambial extremamente desfavorável. Agora, no momento em que escrevo essa crônica, são necessários 6,5 reais para se comprar 1 euro. Quer dizer, só rico, doido ou abnegado para enfrentar uma viagem até a França, num contexto tão inóspito.

A biblioteca mais estranha do mundo: onde os livros são enterrados no tempo e ninguém pode reler um só título antes de 2114

A biblioteca mais estranha do mundo: onde os livros são enterrados no tempo e ninguém pode reler um só título antes de 2114

É difícil imaginar um livro que ninguém nunca leu — e que ninguém vá ler por, pelo menos, cem anos. Um livro trancado, invisível, silencioso. Um texto que respira apenas em segredo, como cápsula ou testamento. Pois existe um lugar assim. Fica na Noruega. E tem sido chamado, com certa fascinação inquieta, de a biblioteca mais estranha do mundo. O projeto foi criado em 2014 pela artista escocesa Katie Paterson, conhecida por transitar entre arte, tempo e ecologia de modo quase ritualístico. A ideia é simples e radical: durante cem anos, um autor por ano entrega um manuscrito inédito. Nenhuma dessas obras será lida, publicada ou revelada até 2114.