Autêntica e profunda, comédia nada bobinha de Greta Gerwig na Netflix é bem melhor que “Barbie” Divulgação / IAC Films

Autêntica e profunda, comédia nada bobinha de Greta Gerwig na Netflix é bem melhor que “Barbie”

“Lady Bird”, à primeira vista, pode parecer uma história simples, mas consegue mergulhar nas complexidades da adolescência e nos intricados laços entre mãe e filha de forma delicada e perspicaz. Sob a direção de Greta Gerwig, o filme oferece um retrato sincero e comovente da jornada de Christine ‘Lady Bird’ McPherson, uma jovem no último ano do ensino médio, que busca sua identidade em meio às pressões do colégio católico e às dificuldades financeiras de sua família.

Lady Bird mora “do lado errado dos trilhos” e embora pareça uma metáfora, como revela seu primeiro namorado, Danny (Lucas Hedges), é sua forma de dizer que mora do lado pobre de Sacramento. Sua pequena casa que abriga cinco pessoas, os pais e os dois irmãos adotivos, destoa do padrão residencial dos colegas de escola. Parece superficial ou insensível, mas isso a afeta. E é por isso que quando tem a chance de fazer amizade com a garota mais bonita e popular da escola, Jenna (Odeya Rush), Lady Bird diz que mora na casa azul de uma rua sofisticada da cidade.

Sua amizade com Julie, uma alma gentil e leal, é um refúgio em meio às pressões da adolescência e das expectativas sociais. Enquanto isso, seus relacionamentos amorosos com Danny e Kyle, cada um representando diferentes aspectos de sua busca por identidade e aceitação, trazem à tona as nuances de suas próprias inseguranças e desejos.

Quando elas entram para a equipe de teatro da escola, Lady Bird se sente atraída por Danny e logo dá um jeito de se aproximar do garoto. Ela é bastante destemida, autêntica e comunicativa, mas isso não a torna popular. Na verdade, a torna uma espécie de ovelha negra, já que ela sempre é sincera demais e fala coisas inapropriadas, o que lhe causa muitos problemas.

Entrelaçada com esses conflitos pessoais está a relação tumultuada de Lady Bird com sua mãe, Marion (Laurie Metcalf), uma mulher sobrecarregada pelas responsabilidades familiares e suas próprias ambições não realizadas. As tensões entre mãe e filha refletem não apenas as dificuldades financeiras enfrentadas pela família, mas também as expectativas frustradas e os desejos não expressos que permeiam seu relacionamento. O pai, Larry (Tracy Letts), está desempregado há algum tempo e sofre de depressão há alguns anos. A situação financeira da família afeta a todos, criando um clima constante de frustração dentro da casa.

À medida que Lady Bird luta para realizar seu sonho de ingressar em uma universidade longe de Sacramento, confronta não apenas as limitações financeiras de sua família, mas também as dúvidas persistentes sobre seu próprio valor e capacidade. O filme examina de perto as dinâmicas familiares e as expectativas sociais que moldam a jornada de autodescoberta de Lady Bird, questionando quem é realmente responsável pela insatisfação e pelo conflito entre mãe e filha.

“Lady Bird”, na Netflix, não é apenas uma obra cinematográfica, mas também uma reflexão íntima e semiautobiográfica de Greta Gerwig, que infunde suas próprias experiências e emoções na narrativa. Por meio da jornada de Lady Bird, o filme captura a essência universal da adolescência e da busca pela identidade, revelando as verdades profundas e universais que residem em cada um de nós.


Filme: Lady Bird
Direção: Greta Gerwig
Ano: 2018
Gênero: Drama/Comédia
Nota: 9/10