O adeus de Bruce Willis ao cinema, após uma carreira de 40 anos, está na Netflix Divulgação / Entretenimento vertical

O adeus de Bruce Willis ao cinema, após uma carreira de 40 anos, está na Netflix

Quando uma produção audiovisual não consegue capturar a atenção do público nos momentos iniciais, frequentemente acaba por arrastar-se em uma sequência de cenas tediosas, marcadas pela atuação forçada dos intérpretes, que lutam para dar algum sentido a um emaranhado de sequências desconexas, transportando uma narrativa pouco crível de um ponto inicial indefinido para um desfecho igualmente evasivo. 

Dentro deste panorama, o filme “Um Dia para Morrer” se apresenta como um exemplar marcante, caracterizando-se como um momento significativo na carreira de Bruce Willis. Diante do diagnóstico de afasia, o ator escolheu se distanciar progressivamente de suas atividades profissionais, fazendo deste longa uma espécie de marco em sua trajetória. Sob a direção de Wes Miller, Willis reincorpora facetas de personagens icônicos de sua carreira, em filmes como “Duro de Matar”, “Red – Aposentados e Perigosos”, e “A Gata e o Rato”. No entanto, apesar do esforço evidente, a tentativa de amalgamar essas distintas identidades em um único papel acaba por resultar em uma execução que carece de novidade e autenticidade. 

A complexidade da trama é antecipada desde as cenas iniciais, com uma montagem que opta por uma abordagem visual repleta de técnicas digitais avançadas. A história se desenrola em um contexto de tensão racial, onde personagens são colocados em situações de extremo perigo. Kevin Dillon interpreta Connor Connolly, um policial integro cuja esposa grávida se encontra em meio a um conflito dramático, exigindo dele uma solução rápida e eficaz para garantir a segurança de sua família. 

A trama se expande para incorporar a figura de Alston, interpretado por Willis, um policial veterano cuja carreira foi gradualmente manchada pela corrupção. Esse contexto serve de pano de fundo para desvendar uma narrativa sobre moralidade, escolhas e as consequências inerentes à vida daqueles que operam à margem da lei. 

O principal ponto de crítica ao filme não reside tanto em seus elementos constituintes, mas sim na execução de uma ideia que, em sua essência, detinha um potencial significativo para exploração. A transição abrupta de personagens, de figuras marcadas por dilemas morais para heróis sem mácula, destaca uma falta de coesão narrativa e uma dependência excessiva na capacidade de improvisação dos atores para sustentar a trama. O resultado é uma sensação de desconforto, não apenas pela narrativa fragmentada, mas também pelo subaproveitamento do talento de Willis, culminando em um fechamento de carreira que não faz jus à magnitude de seu legado. 


Filme: Um Dia para Morrer
Direção: Wes Miller
Ano: 2022
Gêneros: Ação/Policial/Thriller
Nota: 7/10