Últimos dias para assistir na Netflix à sequência de ação que arrecadou mais de 700 milhões de dólares nos cinemas Divulgação / One Race Films

Últimos dias para assistir na Netflix à sequência de ação que arrecadou mais de 700 milhões de dólares nos cinemas

A vontade de dominar medos, de subjugar limitações, de fazer com que nossos inimigos engulam a seco as calúnias que se empenharam em inventar a nosso respeito permanece inalterada, como pedras fundamentais da vida. São elementos inertes, incólumes, que representam o princípio e o fim, lembrando-nos constantemente da batalha perene, do território a ser conquistado, do torneio a ser vencido. A evolução temporal, os valores em mutação, e até mesmo o cinema em constante transformação não diminuem essa ânsia interior de superação e conquista.

O filme “Velozes e Furiosos 9”, na Netflix, continua a provocar reações divergentes, alimentando uma empolgação quase infantil entre o público e um desdém soturno por parte da crítica. Justin Lin, à frente da produção em 2021 e de outras quatro da franquia, demonstra um cuidado meticuloso em cada detalhe. Não se resume simplesmente a perseguições automobilísticas espetaculares, mas explora dramas familiares, dilemas morais e até mesmo um humor desconcertante e sem sentido. O roteiro de Lin, Alfredo Botello e Daniel Casey é abrangente, talvez até em excesso, mas consegue encontrar espaço para uma variedade de temas e nuances.

Em 1989, Toretto se vê em uma disputa que poderia revigorar sua carreira, mas o destino parece conspirar contra ele. Um deslize na curva dois, a ameaça de ultrapassagem pelo carro 23 e o retorno de um antigo adversário, Kenny Linder, tudo isso poderia prenunciar uma derrota humilhante. No entanto, o fracasso chega de forma abrupta, sem aviso prévio, sem se submeter a quaisquer condições preestabelecidas. Num piscar de olhos, o carro de Toretto se choca contra o alambrado de proteção, explodindo em seguida. O diretor deixa claro que o culpado pelo acidente é Jakob, o irmão mais novo de Toretto, responsável pelos reparos no motor.

Finn Cole interpreta essa primeira fase do anti-herói que mais tarde seria encarnado por John Cena, irmão de Dominic, que se afasta dele. Mais de três décadas se passam até que Jake e Dom se reencontrem, em circunstâncias ainda pouco amistosas. Enquanto isso, Justin Lin nos conduz por uma jornada pela vida doméstica aparentemente tranquila do protagonista, marido de Letty Ortiz, interpretada por Michelle Rodríguez, e pai de um filho. No entanto, como é comum em casos como esse, o passado ressurge de forma explosiva, lançando tudo em turbulência.

Independentemente de gostarmos ou não, Vin Diesel se encaixa perfeitamente em papéis desse tipo, sua presença é imponente e inegavelmente marcante. Não se pode pensar em “Velozes e Furiosos” sem visualizar seus 102 quilos de músculos distribuídos em pouco mais de um metro e oitenta. No terceiro ato, o confronto com Cipher, a vilã interpretada por Charlize Theron, traz um novo fôlego ao nono filme da série, apesar de suas falhas. No entanto, é o reencontro dos irmãos na reta final que resgata parte do brilho perdido, proporcionando um desfecho que redime alguns dos deslizes da trama, que, ao contrário do que muitos imaginam, não é tão acelerada assim.


Filme: Velozes e Furiosos 9
Direção: Justin Lin
Ano: 2021
Gêneros: Ação/Policial/Suspense
Nota: 8/10