A mais linda história de amor na Netflix, que fez as pessoas chorarem nas salas de cinema Divulgação / Universal Pictures

A mais linda história de amor na Netflix, que fez as pessoas chorarem nas salas de cinema

Misturar sentimentos de amor e doença, prenunciando possíveis encruzilhadas fatais na jornada, representa uma manobra permeada por riscos, frequentemente desembocando em sentimentalismos excessivos. Tal abordagem não atrai os adeptos de romances complexos e falha em oferecer uma reflexão suficientemente profunda para transcender a superfície da narrativa. “Por Toda a Minha Vida” transita entre esses extremos, mantendo-se em um equilíbrio delicado ao alertar a audiência sobre possíveis tragédias, sem, no entanto, permitir que a poesia se dilua.

Mark Meyers opta por uma abordagem multifacetada, se esforçando para evitar que seu filme se torne excessivamente metódico ou artificial, resultando em momentos surpreendentes, embora não consiga escapar completamente dos clichês. O impacto de produções bem elaboradas e dirigidas sobre o espectador é inegável, mesmo quando a motivação para assistir é imprevisível. No entanto, algumas lacunas no enredo ainda precisam ser resolvidas.

A trama escrita por Todd Rosenberg é inspirada no comovente relacionamento real de Solomon Chau e Jennifer Carter. A história original viralizou na internet. O enredo explora o verdadeiro amor diante do enfrentamento de adversidades extremas e devastadoras. Apesar do drama que se intensifica do meio para o fim, o enredo pretende equilibrar o excessivo sentimentalismo com elementos de otimismo e humor. A trilha sonora contribui fortalecendo a atmosfera emocional. Uma canção do Oasis, cantada pelo protagonista, desperta nostalgia e empatia.

Em meio a uma multidão em movimento acelerado, um homem atlético e de feições asiáticas se destaca como símbolo de autoconfiança. Ao mesmo tempo, uma mulher loira e atraente reflete sobre dias que se desvanecem, perdidos na monotonia opressiva da rotina. Solomon Chau e Jennifer Carter parecem destinados a se encontrar, apaixonar-se e embarcar em um relacionamento repleto de sentimentos intensos. O contraste entre o peso de Sol, que compromete seu talento como chef para sustentar seu estilo de vida, e a gentileza de Jenn proporciona a essência cativante de “Por Toda a Minha Vida”, com Harry Shum Jr. reprisando o sucesso de Mike Chang em “Glee: Em Busca da Fama”, e Jessica Rothe encarnando a patricinha que não busca conflitos.

A obsessão de Rosenberg pelo tempo, expressa no número 27.375 como a média de dias de vida, se torna intrusiva em momentos cruciais da trama, especialmente após a revelação do enredo. Essa ênfase poderia ser mais explorada, mas Meyers recupera parte disso com cenas ao pôr do sol, características das comédias românticas. O casamento se concretiza, entretanto, o desfecho é melancólico, evidenciando que Solomon Chau e Jennifer Carter enfrentaram desafios não retratados pela indústria cinematográfica. Isso, claro, era algo que Hollywood não poderia ignorar.


Filme: Por Toda a Minha Vida
Direção: Marc Meyers
Ano: 2020
Gêneros: Drama/Romance
Nota: 8/10