Remake de terror mais famoso dos anos 1980, filme macabro na Netflix vai aterrorizar seus sonhos Divulgação / Lions Gate Films

Remake de terror mais famoso dos anos 1980, filme macabro na Netflix vai aterrorizar seus sonhos

Por trás dos encantos das cidades pequenas ocultam-se histórias impublicáveis, às quais seus moradores reservam máximo segredo — ainda que sempre pulse neles a vontade de jogar tudo para o alto e não esperar mais pela benevolência da justiça, imbróglio que “Dia dos Namorados Macabro” consegue expor bem. A ideia de Patrick Lussier de refazer a versão de George Mihalka, de 1981, recoloca o slasher no centro da história, dispondo para isso de uma forte predisposição quanto a vencer o espectador pelo cansaço. Há boas cenas de terror genuíno no trabalho de Lussier, mas a insistência dos roteiristas John Beaird, Todd Farmer e Zane Smith em manter o tom apocalíptico do enredo, com jovens correndo de um lunático e sua picareta em punho sem trégua, tem o efeito diverso do originalmente pretendido. Mesmo com o elenco visivelmente dedicado.

No Hospital Memorial de Harmony, Minnesota, Harry Warden recupera-se de um acidente numa mina onde trabalhava com outros operários, todos mortos. Antes mesmo que equipe de socorro conseguisse alcançar o fundo do vão, já se pressente que algo de muito estranho ocorrera. Mesmo quase todo o tempo metido num macacão escuro e com o rosto preservado por uma máscara de gás, o antagonista vivido por Chris Carnel rouba muitas das cenas ao longo de pouco mais de cem minutos. Na introdução, recortes de jornais informam que os colegas de Warden morreram não por asfixia, mas a golpes de um objeto pontiagudo, e por isso a polícia aguarda que o assassino recobre a consciência para prestar esclarecimentos e ser devidamente encarcerado.

O vilão desperta, afinal, e sabe perfeitamente o que deve fazer, e esse é o gancho de que o diretor se vale para exigir um cenário de massacre, no hospital mesmo, durante a noite de 14 de fevereiro. No túnel cinco de uma das minas, acontece uma festa em que os jovens de Harmony se reúnem para horas de bebedeira e sabe Deus mais o quê. Axel Palmer e a namorada, Sarah, esperam por Irene, uma amiga dela, e Tom Hanniger. O que era para ser uma noite de celebração já começa de maneira hostil. Axel, o personagem de Kerr Smith, não quer ser visto junto com Tom, porque este é filho do dono das minas. Sarah, papel de Jaime King, e Irene, interpretada por Betsy Rue, também acusam o golpe e sequer tem a chance de conversar a respeito, uma vez que se desencontram. A morte, agora em outro contexto, os encontra nas minas Hanniger.

Dez anos depois, Axel é o xerife, vive um casamento de fachada com Sarah, traindo a esposa sempre que tem lhe surge a oportunidade, e Tom e Irene já estão mais juntos. Essa poderia ser uma abordagem menos óbvia, sem prejuízo do terror, para os desdobramentos dos bárbaros homicídios da mina, mas Lussier fica mesmo com o gore e a exploração sangrenta de outras tragédias. Também perde-se muito da composição de Ackles como um espírito atormentado, que volta à cidadezinha natal para tentar vender o que resta do patrimônio da família, mas continua sendo alvo de todo o desprezo de que Harry Warden se livrara, uma falta indesculpável. Assim, “Dia dos Namorados Macabro” larga bem, mas fica pelo caminho, variando aqui e ali no tom dos lances mais desabridamente indigestos. Mihalka não foi superado.


Filme: Dia dos Namorados Macabro
Direção: Patrick Lussier
Ano: 2009
Gêneros: Terror/Mistério
Nota: 7/10