Última semana para assistir: suspense com Emily Blunt na Netflix fará você se contorcer no sofá Jonny Cournoyer / Paramount

Última semana para assistir: suspense com Emily Blunt na Netflix fará você se contorcer no sofá

“Um Lugar Silencioso: Parte II” destaca-se como uma composição cinematográfica que aborda a dissonância inerente à existência humana em um domínio que, paradoxalmente, jamais se mostrou integralmente pertencente à nossa espécie. Sob a égide de uma direção perspicaz realizada por John Krasinski, este segundo ato, apresentado ao público no ano de 2021, aguça a odisseia de subsistência da família Abbott em um contexto pós-apocalíptico, no qual o silêncio representa o frágil limiar entre a existência e o oblívio.

O longa-metragem, cuja estreia foi marcada por turbulências devido à crise pandêmica, consolida uma trama onde os decibéis da vivência humana são compelidos à obliteração, reverberando a batalha intrínseca da humanidade em buscar propósito em meio a um cosmo frequentemente turbulento e apático.

A narrativa se desenvolve aproximadamente dezoito meses após a incursão extraterrestre, período no qual Evelyn (Emily Blunt) e seus descendentes, Regan (Millicent Simmonds), Marcus (Noah Jupe) e o infante, ousam transpor os confins seguros de seu lar rural. O que descobrem é um ambiente que, conquanto mergulhado em quietude, pulsa com as ressonâncias hostis e o desalento persistente. A introdução de uma nova figura, Emmett (Cillian Murphy), um sobrevivente atormentado, infunde nuances adicionais de complexidade ao enredo, desafiando os limites do otimismo humano e da tenacidade.

Krasinski, mentor do roteiro concebido em um ímpeto criativo estonteante de meras três semanas e meia, entrelaça uma história que transcende a focalização no horror ou na resistência, sondando com profundidade os vínculos consanguíneos e a indomável perseverança humana ante a iminência do insondável. Existe uma terrível elegância na forma pela qual os Abbott, com ênfase na jovem Regan, confrontam entidades implacáveis com uma resolução inaudível. A atuação de Simmonds destaca-se sobremaneira, transmitindo um espectro abrangente de emoções mesmo sob o mais asfixiante dos silêncios.

A obra, embora conserve certos elementos típicos do gênero de terror, esquiva-se de platitudes, elegendo um pavor mais sofisticado e psicológico. Evitando o uso de sobressaltos vulgares, o filme engendra uma ansiedade intolerável, empregando a suscetibilidade auditiva dos protagonistas e a iminente periculosidade sonora. Tal escolha estética não apenas desafia as premissas tradicionais do gênero, mas também estabelece uma ressonância metafórica com o embate humano frente aos seus íntimos terrores e a incessante procura por redenção.

“Um Lugar Silencioso: Parte II” não se configura meramente como uma sequência, mas uma sofisticada expansão do universo que Krasinski originou. O cineasta enuncia uma crítica velada à condição humana, ponderando sobre o verdadeiro significado de ser humano em um mundo que esmoreceu sua humanidade. Mediante metáforas visuais e narrativas, a audiência é conclamada a meditar acerca da efemeridade da vida e a potência do sacrifício abnegado.

O filme é uma jornada imersiva que simultaneamente interpela e gratifica seu espectador. Ele equilibra com destreza instantes de pavor absoluto com afeto autêntico, convocando um leque diversificado de sentimentos. Ainda que o desfecho sugira a possibilidade de subsequentes narrativas neste conto angustiante, “Um Lugar Silencioso: Parte II” solidifica-se como um tributo poético à resiliência humana e à inquebrantável persistência do âmago familiar.


Filme: Um Lugar Silencioso: Parte II
Direção: John Krasinski
Ano: 2021
Gêneros: Thriller/Ficção Científica
Nota: 9/10