A história de amor mais perturbadora da Netflix Divulgação / Max Films

A história de amor mais perturbadora da Netflix

O sempre repetido argumento de que o amor é uma entidade indomável, profundamente ancorado nas complexidades humanas, encontra uma revigorante revitalização em “Corações Gelados”. Aqui, somos introduzidos a uma tapeçaria fresca e desafiadora de metáforas, que não apenas descrevem o amor, mas também exploram suas nuances — tanto as que curam quanto as que ferem. Kim Nguyen, um talento canadense, transporta a audiência para o sereno e vasto manto de neve em Iqaluit. Ele usa esse cenário isolado como pano de fundo para extrair as emoções mais cruas e vívidas de seus personagens. Tal decisão poderia ter caído facilmente no melodrama, mas Nguyen navega habilmente, mantendo a narrativa em um ritmo cativante e sempre em evolução.

Nicolas Bolduc, com sua cinematografia, é um artista à parte. Sua lente captura a vastidão deslumbrante do ambiente, evocando emoções que se entrelaçam perfeitamente com o fluxo da narrativa. O branco cintilante, a névoa etérea e a paisagem imensa instigam sentimentos de melancolia. No entanto, Nguyen, com sua astúcia de contador de histórias, equilibra esse tom com vislumbres de esperança.

Por meio de diálogos e cenas que abordam referências culturais, como Gil Scott-Heron e Jack White, somos levados mais fundo à psique de Roman, interpretado por Dane DeHaan. E à medida que a trama se desenrola, somos introduzidos a momentos que variam entre o surreal e o cotidiano, estabelecendo o tom singular de “Corações Gelados”.

Entrando em cena, temos Lucy, retratada pela cativante Tatiana Maslany. Ela injeta uma doçura no filme, representando a personificação da vulnerabilidade e do amor incondicional. Mesmo quando o caminho de Lucy e Roman os separa, é o amor dela que a guia de volta a ele, numa sequência de eventos que só amplifica a autenticidade da visão de Nguyen.

A interação de Roman com um urso falante, com a voz de Gordon Pinsent, oferece um contraponto intrigante, fundindo o real com o fantástico. Este urso, uma representação da consciência conflitante de Roman, cria diálogos que oscilam entre o profundo e o ingênuo. E é aqui que Nguyen brilha, tecendo habilmente as jornadas de seus personagens, especialmente destacando a resiliência de Lucy, com um passado traumático. Oscilando entre romance e drama, o filme não apenas captura o espectador, mas também o convida a refletir sobre as complexidades do coração humano.


Filme: Corações Gelados
Direção: Kim Nguyen
Ano: 2016
Gêneros: Romance/Drama
Nota: 9/10