Suspense paranoico na Netflix te manterá na ponta do sofá e não te deixará piscar por 94 minutos Divulgação / Sony Pictures

Suspense paranoico na Netflix te manterá na ponta do sofá e não te deixará piscar por 94 minutos

“Colega de Quarto” é um suspense adolescente escrito por Sonny Mallhi e dirigido pelo cineasta dinamarquês Christian E. Christiansen. Lançado em 2011, no auge da carreira de Leighton Meester, quando ela ainda estrelava “Gossip Girl”, a atriz interpreta a psicopata Rebecca, uma garota obsessiva e problemática de uma família privilegiada de Los Angeles.

Mas a protagonista é Sara (Minka Kelly), uma garota de interior, que terminou recentemente seu relacionamento com seu namorado de colégio. Bela, simpática e inteligente, Sara é apaixonada por moda e deseja se tornar uma estilista. Logo quando chega na faculdade, faz amizade com Tracy (Aly Michalka) e desperta o interesse romântico de Stephen (Cam Gigandet). Quando a colega de quarto, Rebecca (Meester), surge, essa a garota introvertida e intensa busca monopolizar sua atenção.

Sara é atenciosa e, por isso, não estranha quando Rebecca parece exageradamente preocupada com ela, quando a convida para passar o jantar de Ação de Graças na casa dos pais dela ou quando coloca o colar de sua falecida irmã no pescoço. Mas as coisas realmente começam a sair de controle quando Sara percebe que as pessoas ao seu redor estão se afastando. Ela não entende, à princípio, que Rebeca é a causa disso. Mas logo a relação com a colega de quarto fica sufocante o bastante para ela reconhecer que as coisas não estão normais.

Lá se vão mais de uma hora de filme até que Sara perceba que amiga é um tanto quanto esquisita e obsessiva. Nina Dobrev faz uma participação especial como Maria, uma ex-colega de colégio de Rebecca, por quem ela dedicou seu stalking antes de Sara. Outras participações especiais são de Billy Zane, como o professor Roberts, e Frances Fisher, como a mãe da vilã. Ambos compartilharam cenas em Titanic.

Embora Meester consiga ser uma psicopata bastante convincente e assustadora, o enredo não nos dá mais detalhes do que, exatamente, em sua história, poderia ter despertado seu comportamento. Fazemos uma breve visita à sua vida de prestígios, como filha de milionários e moradora de uma mansão nas colinas, mas os pais parecem pessoas normais, até preocupados o suficiente com a filha, se ela tem amigos, se está feliz. Eles recebem Sara para o feriado em família de forma acolhedora e educada.

Rebecca parece envergonhada ao mostrar para Sara sua vida luxuosa. Por quê? Quando elas encontram Maria, é perceptível que Rebecca a perseguiu no passado, mas aparentemente não de forma tão perigosa e invasiva quanto vemos ela fazer com Sara. Aparentemente, Rebecca aperfeiçoou seus talentos para stalking e manipulação e se tornou ainda mais descontrolada emocionalmente agora, que chegou à faculdade.

O enredo carece de substância para nos fazer compreender as motivações de suas personagens. Não há uma estrutura firme e segura que nos faça entender quem são e como foram moldadas, suas histórias, como chegaram até ali. É como se enxergássemos de longe e, visto deste ângulo, nada faz muito sentido. Nem mesmo a relação de Sara com sua irmã falecida é bem contada. Não sabemos nada sobre sua família ou o lugar de onde veio. Talvez isso pudesse nos ajudar a estabelecer uma conexão mais forte com a protagonista, sentir mais simpatia e empatia.

Mas há algo neste filme que lembra “Garota Infernal”, um ótimo equivalente de gênero. Temos aqui duas Femme fatales, garotas poderosas e sedutoras e que prendem nossos olhos do início ao fim. Há algo de hipnótico em Meester e Kelly que vão além de suas aparências. “Colega de Quarto” é um filme para quem busca um entretenimento mais agonizante. Algo que gere um pouco de neurose e paranoia.


Filme: Colega de Quarto
Direção: Christian E. Christensen
Ano: 2011
Gênero: Suspense/Terror
Nota: 6/10