Autor: Edival Lourenço

Jair

Jair

E agora, Jair? A mamata acabou, seu brilho ofuscou, o povo tossiu, sua bolha furou, e agora, Jair e agora nenê você sem renome só zomba dos outros, e nunca fez versos, não ama, não presta e agora, Jair? Leva essa mulher, também seu discurso, bota num carrinho, desses de bebê, sacode pra lá, bem longe sacode, seu tempo passou, o voto não veio, o golpe não veio, milícia não veio, nem a autocracia.

A riqueza do mundo e a herança dos otários

A riqueza do mundo e a herança dos otários

Homo sapiens, este bípede implume, mamífero por condição e pretensioso de nascença, é um animal encantador, que se diferencia de toda bicharada pelo o uso da razão e pelo porte da moralidade. E é ao mesmo tempo um tanto sinistro, exatamente por ser moral e dotado de raciocínio e se negar a usar essas faculdades praticamente exclusivas para se resguardar como espécie, neste momento da história em que toda a fauna humana passeia perigosamente numa frágil e movediça passarela sobre os horrores de um abismo.

Loucura nossa de cada dia

Loucura nossa de cada dia

Imaginemos a vida como um ser único e universal e que faz uso de todas as unidades biológicas para manter-se a si mesma. A vida que me anima, que move uma ameba, que sustenta um vegetal seria a mesma. Cada ser, cada unidade metabólica é apenas o receptáculo da energia da vida. Assim, todos os movimentos dos seres vivos seriam no sentido de manter viva a chama da vida.

Cem Anos de Solidão, um livro para se ler eternamente

Cem Anos de Solidão, um livro para se ler eternamente

Não queira tirar uma moral exclusiva ou um sentido único de Cem Anos de Solidão. Porque ele é plural e contém todos os sentidos e todas as morais. Seu estágio de conhecimento, seu estado de espírito, suas crenças e ideias dominantes é que vão dar o tom do que se perceber, do que se retirar. No microcosmo chamado Macondo é que a saga dos Buendía-Iguarán se destrinça. Uma sequência de José Arcádios e Aurelianos se sucede em profusão, cobrindo um período sintomático de 100 anos. Penso até que a árvore genealógica dessa mítica família seja impossível de se montar, como requer uma obra representativa do realismo fantástico.

Há 123 anos nascia Jorge Luis Borges: 40 frases desconcertantes do gênio argentino Foto / Annemarie Heinrich

Há 123 anos nascia Jorge Luis Borges: 40 frases desconcertantes do gênio argentino

Em 29 de setembro de 1977, numa livraria em Brasília, comprei “Ficções”, de Jorge Luis Borges. Foi meu primeiro contato com a obra do autor e me encantei perdidamente. Aquele mesmo exemplar, já esfarelando, está sobre o meu criado de cabeceira e não passo mais de 15 dias sem que leia algum trecho. Além da fixação por “Ficções”, li toda a sua obra, que reputo grandiosa. Selecionei algumas frases do autor pelo seu aspecto desconcertante, surpreendente, pela fina ironia. Embora ele diga que seja incapaz de cometer uma ironia, o que é uma ironia dentro da ironia.