O genial e brilhante drama de Thomas Vinterberg, na Netflix, que faturou o Oscar de melhor filme internacional Vitrine Filmes / Synapse Distribution

O genial e brilhante drama de Thomas Vinterberg, na Netflix, que faturou o Oscar de melhor filme internacional

Dirigido por Thomas Vinterberg e escrito por ele em colaboração com Tobias Lindholm, “Druk – Mais Uma Rodada” venceu, em 2021, o Oscar de melhor filme internacional, se tornando o quarto longa-metragem dinamarquês a vencer nessa categoria o prêmio da Academia.

“Druk” é uma palavra que só existe no dinamarquês. Como não há tradução para ela, a melhor expressão para traduzí-la é “se embriagar”. O título dado ao filme em inglês, “Another Round”, tem um sentido duplo. Com significado de “Mais Uma Rodada”, o nome que também batizou o longa no Brasil simboliza tanto “mais uma rodada de álcool”, a bebida, quanto remete à vida te dar uma nova chance, ou uma chance de você se embriagar da vida.

Em um papo com o cineasta Guillermo del Toro – e essa conversa tá disponível no Youtube –, e também em uma entrevista para o Toronto Film Festival, Vinterberg contou que na Dinamarca o consumo do álcool é muito alto e bastante naturalizado. Diferente de outros locais do mundo, para eles é normal que quase todo mundo consuma álcool em quantidades altíssimas.

A premissa do enredo, o diretor conta, é de uma teoria que circula pelo país, de que todo mundo deveria nascer com um pouco de álcool no sangue, porque o álcool nos torna pessoas melhores, mais sociáveis, mais criativas, mais vivas, mais corajosas e até mais autênticas. O outro lado disso, é que o álcool também é capaz de destruir a vida de uma pessoa.

No filme, quatro professores de ensino médio, homens de meia idade, frustrados com a vida, lamentando sua juventude perdida e entediados com o cotidiano, o emprego e suas famílias, fazem um pacto de beber uma determinada quantidade de álcool todos os dias antes de ir trabalhar para que consigam ter um desempenho melhor em todos os âmbitos da vida, principalmente profissional. Eles se baseiam em um estudo que diz que pessoas ficam mais interessantes sob influência de bebidas alcoólicas. Por um tempo, isso parece funcionar muito bem. Mas é claro que o método não iria dar certo para sempre.

Mesmo assim, ThomasVinterberg conta que não queria que o filme tivesse um tom moralista, mas que ensinasse as pessoas a se aceitarem em suas imperfeições, se perdoarem. Também é importante destacar que essa história surgiu em um momento sombrio da vida do diretor. A filha dele havia morrido a apenas quatro dias do início das gravações em um acidente de carro. Ela tinha 19 anos e atuaria no longa no pai. O fato de ela ter escrito uma carta para ele sobre o filme, dizendo que havia amado o roteiro, o motivou a prosseguir com as gravações.

Estrelado por Mads Mikkelsen, que é praticamente o Ricardo Darín da Dinamarca, o filme tem uma atuação simplesmente incrível do ator, que hipnotiza o público a cada cena. É Mads Mikkelsen o chamariz de outros títulos, como “A Caça”, “Valhalla Rising”, “Pusher” e a série “Hannibal”, sobre o assassino canibal. Há uma cena, em particular, que marca bastante “Druk – Mais Uma Rodada”. É uma sequência brilhante em que Mads Mikkelsen faz uma dança performática na qual ele se esforçou bastante para realizar, com muito treino e dedicação.

O longa de Vinterberg trata do alcoolismo sem querer ser vexatório. Fala de uma maneira que não deseja impor regras e mostra que é preciso viver a vida, dar uma chance a si mesmo e se divertir enquanto se está nesse planeta.


Filme: Druk – Mais Uma Rodada
Direção: Thomas Vinterberg
Ano: 2020
Gênero: Drama
Nota: 10