Indicado ao Oscar, drama arrepiante com Glenn Close acaba de chegar à Netflix Divulgação / Indigenous Media

Indicado ao Oscar, drama arrepiante com Glenn Close acaba de chegar à Netflix

Rodrigo García, cineasta colombiano e filho do escritor Gabriel García Márquez, construiu uma carreira bastante consistente no cinema. Recentemente, lançou o encantador “Família”, na Netflix, que narra um intricado laço entre uma família e uma propriedade, algo que envolve memórias afetivas, pertencimento, história e apego. A família do protagonista, Leo (Daniel Giménez Cacho), embora unida, não é perfeita. E, como qualquer uma, tende a se afastar conforme as correrias da rotina e os compromissos apertam, relegando a uns mais responsabilidades sobre a propriedade que para outros. Em “Quatro Dias Com Ela”, drama com a espetacular atuação de Glenn Close e Mila Kunis, Rodrigo García também aborda os laços familiares diante das dificuldades. No entanto, aqui, as coisas são mais sombrias e severas.

Molly (Mila Kunis) é uma mulher de 31 anos viciada em drogas. Sem emprego, sem controle de si mesma e sem perspectivas de um futuro melhor, ela dorme do lado de fora da casa da mãe, Deb (Glenn Close), que se nega a deixá-la entrar a menos que esteja sóbria. Molly, claro, não está sóbria, mas aceita ser levada para uma clínica de reabilitação. O plano de saúde cobre apenas três dias de internação e este é o prazo que ela tem para repensar sua vida.

O problema é que Molly já passou pela reabilitação outras 14 vezes. O que ela poderá fazer de diferente desta vez? Ao deixar a internação de três dias, ela se consulta com um médico que sugere colocá-la em um tratamento inovador e aprovado pela FDA (Food and Drug Administration), uma espécie de Anvisa dos Estados Unidos. O tratamento é uma injeção mensal que a tornará mais resistente para combater o vício.

No entanto, ela precisa ficar mais quatro dias sóbria, segundo os regulamentos dos participantes do tratamento. É que a injeção só pode ser tomada depois que o corpo fica cerca de uma semana sem drogas, porque caso o uso tenha sido recente, a abstinência será aguda. O desafio parece quase invencível. Para piorar, durante este período, ela terá de se hospedar na casa de Deb e respeitar as regras.

Os quatro dias na casa da mãe parecem longos como um mês. A convivência, depois de mais de um ano sem terem contato, é complicada, cheia de ressentimentos e desconfianças. Molly é mãe de duas crianças, que vivem com o pai irresponsável. Mesmo assim, é melhor morarem com ele do que em um orfanato. Em meio às confissões, discussões e apoio, nos é revelado os motivos que levaram Molly a se viciar — um acidente que a levou a se tornar dependente de remédios —, além do fato de que sua mãe desapareceu por dois anos durante sua infância, quando decidiu se separar de seu pai.

Inspirado por uma história real, que é mencionada nos créditos, o enredo se baseia na biografia de Amanda Wendler e Libby Alexander, mãe e filha que passaram por uma situação similar à de Molly e Deb. O filme pode, também, fazer o público se lembrar de “Querido Menino”, filme de Felix Van Groeningen baseado na autobiografia publicada pelo jornalista David Sheff e a batalha de toda a família para auxiliar o filho, coautor do livro, a se livrar da dependência química.

O filme não tem exatamente um final feliz, mas nos ajuda a olhar com mais empatia e compreensão a história de tantas pessoas que por inúmeros motivos se tornaram dependentes de drogas. Também reacende uma faísca de esperança na escuridão do túnel da vida.


Filme: Quatro Dias Com Ela
Direção: Rodrigo García
Ano: 2020
Gênero: Drama
Nota: 8/10