Superprodução de 90 milhões de dólares, dirigida por Zack Snyder, acaba de chegar à Netflix Divulgação / Netflix

Superprodução de 90 milhões de dólares, dirigida por Zack Snyder, acaba de chegar à Netflix

“Rebel Moon – Part 1: A Menina de Fogo” não é a aventura mais original que você vai assistir em 2023. Com nomes de personagens, estética e até figurinos inspirados na saga “Star Wars”, o filme está longe de ser inovador. Mas também não é ruim. Na verdade, se sai melhor que aquele amontoado de filmes da Marvel que chegam nos cinemas todas as cinemas, e com a mesma proporção de CGI.

É claro que os heróis, assim como na saga épica de George Lucas, são inspirados em samurais e os vilões em nazistas, inclusive seus uniformes baseados nas fardas Hugo Boss. “Rebel Moon – Part 1: A Menina de Fogo” não se preocupa em pegar novas referências e recicla tudo que fez “Star Wars” ser tão grande. Antes de chamarem de louca pelas comparações, o roteiro chegou a ser apresentado para a Lucasfilms, antes da marca ser vendida para a Disney. Para a infelicidade Zack Snyder, diretor e roteirista da superprodução, sua vaga para lançamento no cinema foi tomado por “Maestro”, o Oscar bait de Bradley Cooper.

Por sorte não contrataram Gal Gadot, que foi cotada, mas escolheram mesmo Sofia Boutella, um rosto e uma atuação muito mais revigorantes e vigorosos. Boutella, que interpretou Selva no “Clímax” de Gaspar Noé, e Jaylah, em “Star Trek – Sem Fronteiras”, tem a envergadura de uma verdadeira heroína. Os contornos marcantes de seu rosto são imponentes. Ela tem a silhueta de uma atleta. Ela não se parece com uma princesa em perigo. E, por isso, é preciso aclamar Kristy Carlson por escolher artistas com atuações pujantes e aparências incomuns para o cinema, mas comuns ao mundo real. Com exceção, claro, de Charlie Hunnam, que embora também tenha sido uma boa escolha, tem aparência de um Hércules.

Como “Star Wars”, “Rebel Moon – Part 1: A Menina de Fogo” se passa em uma galáxia muito, muito distante e em um futuro distópico. Figuras exóticas interplanetárias se encontram em pubs animados, viajar de um planeta para o outro é tão trivial quanto pegar o carro e atravessar a cidade, os vilões são ressuscitados por aparelhos ultra tecnológicos com aparência de geringonças montadas com peças de ferro velho e onde os Lukes Skywalkers descobrem ser filhos dos Darth Vaders.

O enredo gira em torno de Kora (Boutella), uma guerreira resgatada por agricultores pacíficos, após sua nave ser destruída e o mundo entrar em caos com o assassinato do Rei (Cary Elwes) e sua filha Issa (Stella Grace Fitzgerald) por um exército tirano, que decide assumir o poder dos mundos. Quando soldados ameaçam a segurança daquela pequena vila, Kora decide empreender uma jornada ao lado do agricultor Gunnar (Michiel Huisman) para recrutar guerreiros para defender a comunidade que a salvou.

No meio do caminho, ela conhece heróis e mercenários e trava uma luta digna de “Uma Nova Esperança”. No seu grupo de rebeldes revolucionários, estão o imponente general Titus (Djimon Hounsou), que luta por sua redenção após perder seus soldados para o exército; a ninja honrada Nemesis, Bae Doona; o mercenário Kai (Charlie Hunnam), Bloodaxe (Ray Fisher), Tarak (Staz Nair) e Balisarius (Fra Fee).

Com um orçamento estimado em 90 milhões, o filme abusa de efeitos especiais, animações computadorizadas e tudo mais que a tecnologia pode oferecer. Assistir nas telonas teria sido uma experiência e tanto, mas temos de nos contentar com a telinha de casa mesmo. O longa de Snyder pode não ser lá muita coisa, mas também não é pouca, não. É divertido, deslumbrante, ambicioso e interessante.


Filme: Rebel Moon – Part 1: A Menina de Fogo
Direção: Zack Snyder
Ano: 2023
Gênero: Ação/Aventura/Drama
Nota: 8/10