Parece bobinho, mas não é: romance na Netflix é uma belíssima jornada de autoconhecimento e resiliência Jacob Yakob/LD Entertainment

Parece bobinho, mas não é: romance na Netflix é uma belíssima jornada de autoconhecimento e resiliência

A adolescência, esse período de estranhamento em relação a tudo, onde o desconforto em relação ao mundo e a si mesmo é palpável, onde a vontade de mudar tudo é fervorosa, mas o caminho para isso é incerto. Para jovens como Adam Petrazelli, o protagonista de “Palavras nas Paredes do Banheiro”, essa fase de personalidade em formação, impulsividade, força física e propensão a testar limites pode facilmente descarrilar em isolamento social, transgressões legais e, em última instância, confinamento involuntário em instituições estatais nem sempre adequadas para reabilitação. O diretor Thor Freudenthal parece provocar o público a sentir uma urgência em ajudar o personagem central, que luta para manter sua sanidade enquanto enfrenta uma doença mental grave. Nas palavras adaptadas por Nick Naveda a partir do livro de Julia Walton, a jornada de recuperação de uma vida que se despedaça é um processo demorado, dependente não apenas de Adam, mas também do apoio e compromisso de outras pessoas. É nesse ponto que a história realmente ganha vida e se torna envolvente.

Na vida, muitas vezes, os maiores desafios vêm disfarçados de surpresas indesejáveis. No caso de Adam, suas perturbações visuais que o levam a interagir com pessoas e situações imaginárias não são resultado de uma doença oftalmológica, mas sim de algo mais complexo. Charlie Plummer guia o público através da angustiante jornada de autoconhecimento de seu corajoso anti-herói. Juntos, descobrimos quais são as verdadeiras chances de Adam de escapar do purgatório de sua condição misteriosa e avançar para um estágio que pode não ser o paraíso que ele imagina. Surpreendentemente, ele encontra conforto na cozinha, revelando-se um talentoso cozinheiro. Entre facas e utensílios afiados, ele encontra uma forma única de se expressar e encontrar paz interior, afastando as vozes que o atormentam. A cozinha se torna um lugar onde tudo encontra seu devido lugar, uma metáfora poderosa da jornada de autodescoberta. Freudenthal habilmente conecta os pontos sugeridos por Naveda, incluindo o relacionamento de Adam com sua mãe, Beth, interpretada por Molly Parker. Beth se esforça para garantir o bem-estar de seu filho, mas também precisa lidar com as demandas da vida cotidiana e seus próprios sentimentos. O namoro de Adam com Paul, interpretado por Walton Goggins, também contribui para seu afastamento de casa, culminando em um acidente no laboratório de química do colégio após seu primeiro surto psicótico, com consequências graves para um colega.

As mensagens escritas nas paredes e portas do banheiro masculino, frequentado também por uma garota, marcam o início de uma virada na vida de Adam. Maya, uma jovem prodígio em matemática interpretada com graça e precisão por Taylor Russell, desempenha um papel crucial no desenrolar da trama e é a chave para evitar o destino sombrio que ameaça Adam. À medida que o filme progride, é ela quem domina a narrativa até o seu desfecho. Essa história de amor entre jovens inocentes parece destinada a um final feliz, proporcionando uma mensagem de esperança e redenção, mesmo nas circunstâncias mais desafiadoras.


Filme: Palavras nas Paredes do Banheiro
Direção: Thor Freudenthal
Ano: 2020
Gêneros: Romance/Drama
Nota: 8/10