Ganhador de 4 Oscars, filme que arrecadou quase 1 bilhão de dólares nas bilheterias está na Netflix Alex Bailey / 20th Century Fox

Ganhador de 4 Oscars, filme que arrecadou quase 1 bilhão de dólares nas bilheterias está na Netflix

Freddie Mercury (1946-1991) emerge como uma figura singularmente incompreendida dentro do cenário da música internacional, em meio a uma lista de artistas tragicamente abatidos por circunstâncias pessoais devastadoras. O contexto da época, permeado por desafios sociais e raciais, moldou as narrativas de figuras como Janis Joplin (1943-1970), Marvin Gaye (1939-1984) e Amy Winehouse (1983-2011), cujas vidas foram interrompidas prematuramente.

Gaye, oriundo de um lar desprovido de afeto e confrontado com a segregação racial nos Estados Unidos, enfrentou corajosamente as adversidades de sua época. Enquanto isso, Mercury, nascido em Zanzibar e criado em um ambiente de busca por identidade, conquistou fama global, mas se viu perdido em meio ao sucesso, sem encontrar um verdadeiro sentido para sua existência.

Em uma era anterior à disseminação das preocupações com o politicamente correto, Mercury lidou com a pressão de esconder sua homossexualidade em um meio predominantemente heterossexual. Apesar de cercado por colegas de banda e amigos, sua luta interna era palpável, refletindo-se em uma vida marcada por momentos de reclusão e autodescoberta.

A cinebiografia “Bohemian Rhapsody” (2018), dirigida por Bryan Singer e Dexter Fletcher, apresenta momentos emblemáticos da trajetória de Mercury, incluindo a histórica performance do Queen no Live Aid em 1985. No entanto, o filme sucumbe à tendência de romantizar e simplificar a complexidade da vida do artista, deixando de abordar suas lutas pessoais de maneira mais profunda.

A interpretação magistral de Rami Malek no papel principal destaca-se, capturando nuances da personalidade de Mercury com sensibilidade e profundidade. No entanto, o roteiro carece de precisão histórica em certos aspectos, optando por uma narrativa mais simplificada e melodramática.

A relação de Mercury com Mary Austin, interpretada por Lucy Boynton, é explorada superficialmente, deixando espaço para especulações sobre a verdadeira natureza desse vínculo. Enquanto o filme busca celebrar o legado do ícone do rock, também falha em confrontar plenamente as questões de identidade e sexualidade que moldaram sua vida.

A abordagem cinematográfica de “Bohemian Rhapsody”, na Netflix, proporciona uma visão parcial da vida e do legado de Freddie Mercury, destacando sua ascensão meteórica à fama e os desafios pessoais que enfrentou ao longo do caminho. No entanto, ao optar por uma narrativa mais convencional e acessível, o filme deixa de lado nuances importantes da jornada do artista.

A performance marcante de Rami Malek como Mercury é o ponto alto da produção, oferecendo uma interpretação cativante e emotiva do icônico vocalista. No entanto, mesmo com o talento do elenco e a direção competente, o roteiro deixa a desejar em termos de profundidade e complexidade.


Filme: Bohemian Rhapsody
Direção: Bryan Singer e Dexter Fletcher
Ano: 2018
Gêneros: Musical/Drama
Nota: 8/10