O filme da Netflix é um calmante para a alma e uma terapia para o coração Atresmedia Cine / Netflix

O filme da Netflix é um calmante para a alma e uma terapia para o coração

Um delicioso drama de amadurecimento com pitadas de comédia e aventura, “Live is Life” é um filme de Dani de la Torre, escrito por Albert Espinosa. Lançado em 2021 no Festival de Cinema de Málaga, o filme só pôde chegar nos cinemas em novembro daquele ano por conta da pandemia de Covid-19. Inspirado em “Stand by Me” e “Goonies”, o enredo traça a jornada de cinco adolescentes pelos cenários montanhosos e as ruínas históricas da Galiza, costa atlântica da Espanha.

Rodri (Adrián Baena) sai de férias com sua família, como em todos os verões, para a cidade dos avós, onde reencontra os amigos de infância Garriga (Javier Casellas), Suso (David Rodríguez) e os gêmeos Álvaro (Juan del Pozo) e Maza (Raúl del Pozo). Neste ano, as coisas estão um pouco diferentes. Eles estão crescendo e amadurecendo e as brincadeiras de criança dão, cada vez mais, espaço para as responsabilidades e a realidade.

Álvaro está com câncer em estágio avançado e passa a maior parte dos seus dias internado em hospitais. Já o pai de Suso está em coma após sofrer um acidente durante o trabalho. Quando ouvem uma lenda sobre uma flor que na noite de São João ganha poderes mágicos de cura, eles decidem se aventurar até o cume da montanha, onde ela brota, para a colher.

Mas muitas coisas acontecem no percurso. Eles são aterrorizados por uma gangue de motociclistas que destroem suas bicicletas e querem bater neles; Encontram um bebê chorando, cujos pais estão desacordados pelo uso de drogas, em uma casa precária de uma favela assombrosamente miserável; Também vão parar em uma festa, onde eles têm oportunidade de vivenciar seus primeiros romances.

Encarar a possibilidade de perda do pai e a doença de Álvaro os fazem refletir sobre as coisas que são importantes, lealdade e sobre saber aproveitar as alegrias diárias, porque a felicidade plena não existe, afinal, a vida sempre terá altos e baixos. Essas descobertas também trazem conflitos que podem colocar em risco sua amizade.

Um dos fatores decisivos que levou Dani de la Torre a dirigir este filme foi a morte de sua mãe após um câncer. Em uma de suas últimas conversas, ela havia o dito para deixar os filmes de ação de lado e fazer algo que vinha do coração. O roteiro de Espinosa o proporcionou realizar essa obra catártica e comovente.

A carga emotiva da trama é reforçada pelos cenários idílicos e bucólicos. As cenas abertas das montanhas arborizadas e os vastos campos rasteiros com árvores frutíferas, cachoeiras, pedregulhos e ruínas milenares. Tudo isso dá uma sensação de grandeza do mundo e da vida, noção que se passa a ter quando se torna adolescente. As amizades também são mais importantes que nunca nessa fase, já que é o momento em que mais nos sentimos solitários e incompreendidos.

“Live is Life” é uma história na qual muitos podem se identificar. Um ou outro personagem nos lembra um amigo do passado, suas sitações nos remetem a um acontecimento de nossa própria vida. Tudo se relaciona de maneira muito natural e orgânica. Há uma indelével nostalgia, que deixa na boca seu gosto mesmo depois que o filme acaba.


Filme: Live is Life
Direção: Dani de la Torre
Ano: 2021
Gênero: Aventura / Drama / Comédia
Nota: 10/10

Fer Kalaoun

Fer Kalaoun é editora na Revista Bula e repórter especializada em jornalismo cultural, audiovisual e político desde 2014. Estudante de História no Instituto Federal de Goiás (IFG), traz uma perspectiva crítica e contextualizada aos seus textos. Já passou por grandes veículos de comunicação de Goiás, incluindo Rádio CBN, Jornal O Popular, Jornal Opção e Rádio Sagres, onde apresentou o quadro Cinemateca Sagres.